O Product Design é uma atividade essencial nas diversas etapas do lançamento de produtos digitais. Nesse desafio de coordenar os projetos no começo, meio e fim, diversas competências veem ao auxílio do especialista, como é o caso do UX e UI Design.
A interface e a experiência são determinantes para satisfação das necessidades e desejos dos usuários. Além disso, o profissional deve criar histórias únicas entre o cliente e o produto, produzindo laços emocionais e transformando consumidores em promotores da marca.
Neste conteúdo, abordamos o papel do UX e UI na atuação do Product Design. Para isso, entrevistando Fernando Paravela, Associate Design Director na Work&Co, e um dos profissionais mais bem-conceituados da área. Acompanhe!
O que são UX e UI Design?
UX e UI são atividades complementares. O User Experience (UX) tem relação direta com a estratégia que envolve o contexto em que o produto está inserido. Ele se fundamenta no entendimento da problemática de negócios, além da jornada e necessidades do usuário dentro do ecossistema.
Já a User Interface (UI) consiste na materialização do produto, de modo a alavancar as estratégias de negócios e UX por meio de signos gráficos, como cor, imagem, tipografia e animação. Além disso, leva em consideração a tecnologia na qual o produto será desenvolvido e todas as limitações que cercam o projeto — que devem ser avaliadas para que se projete algo factível.
Ele diz respeito à forma como a estratégia será tangibilizada, e o cliente alcançará a experiência.
Aplicação nas empresas
A aplicação de UX e UI nas empresas depende do fluxo de trabalho e dos desafios do cliente. Algumas organizações separam bem essas duas áreas de atuação.
Por outro lado, pode haver a integração das funções na figura do Product Designer (PD), que fica responsável pelo gerenciamento da estratégia e da execução, podendo ou não abarcar todos os elementos de cada disciplina.
É importante contar com um profissional que tenha essa visão do todo, mas não podemos deixar de valorizar suas especialidades e alinhar as skills às demandas apresentadas.
Design é um esporte de equipe. Para um bom resultado, é preciso equalizar os skills de diversos profissionais de acordo com o resultado que se busca para o produto.
Fernando Paravela — Associate Design Director na Work&Co
Qual o contexto de surgimento do Product Design?
No processo de maturação do mercado digital, por volta de 2011 em diante, observou-se a mudança entre uma abordagem mais orientada à propaganda e outra mais orientada para os negócios.
A primeira tratava os canais digitais como um ponto de contato para promoção de marcas, produtos ou serviços. A segunda, por sua vez, considerava os canais digitais como extensão de seus produtos e serviços em si mesmos, formando ecossistemas complexos em torno da marca.
Para dar conta dessa complexidade, pode-se concluir que foi natural a divisão do papel do designer em outros vários, como UX, UI, Service Design e Business Design. Ao mesmo tempo, e talvez como parte desse processo de maturação do mercado, torna-se cada vez mais importante convergir os conhecimentos e formar designers que, ainda que especialistas, consigam empregar uma visão mais holística e interdisciplinar aos projetos.
Nesse contexto, a criatividade e a capacidade de execução voltam a ser enxergadas como atributos importantes. O mercado cansou de comprar processos de “inovação” e “co-criação” que, no fim, tendem a trazer sempre as mesmas respostas. É o que vemos, por exemplo, com a homogeneização dos produtos digitais, canais, e-commerces e afins.
Sem contar que esses mesmos processos recorrentemente geram produtos que nunca vão ao ar da maneira como foram projetados.
Grande parte da inovação que tanto buscamos está simplesmente em saber fazer o básico bem feito, o que pode ser extremamente difícil. Ademais, precisamos da criatividade para fazer as perguntas que ninguém fez, conseguindo olhar para as problemáticas de projeto sob uma nova ótica, algo que nenhum framework entrega.
Muitos querem criar algo revolucionário, mas não percebem que a inovação é fazer o básico direito, extremamente bem-feito.
Fernando Paravela — Associate Design Director na Work&Co
Hoje, a criatividade é associada diretamente ao business e à estratégia. Assim, o Product Designer consegue resolver problemas complexos ao:
- explorar melhor seu repertório;
- conectar ideias;
- fazer perguntas que ninguém fez antes;
- promover uma integração com outras áreas;
- adotar uma visão holística;
- usar dados de forma estratégica;
- articular fatos;
- expandir a maturidade digital.
Os designers criativos se destacarão no mercado atual, e essa soft skill será essencial para promover uma diferenciação.
No contexto de produto, estratégia, design e tecnologia dependem de um mesmo nível de criatividade para que possam transpor todas as limitações — técnicas, financeiras, de maturidade digital do cliente ou da audiência etc. — que são inerentes a qualquer projeto.
Fernando Paravela — Associate Design Director na Work&Co
Como o Product Designer pode atuar de maneira mais estratégica?
O Product Designer é como o maestro de uma orquestra, que sabe o funcionamento de todos os instrumentos e consegue direcionar a forma como devem soar.
A partir do conhecimento das diversas dimensões das disciplinas — desde UX com o olhar mais atento ao usuário, à arquitetura e à visão sistêmica dos produtos e serviços, até a dimensão de UI que aborda todas as questões ligadas à Gestalt, Semiótica e comunicação visual — esse profissional será estratégico. É quem transformará as demandas de negócio em soluções que, além de tecnologicamente factíveis, endereçam as necessidades dos usuários que sejam possíveis de serem sanadas a partir do produto digital.
Entenda a fundo os fundamentos do design
Para ser estratégico, é preciso entender o fundamento do design, a ergonomia, usabilidade etc.
O profissional deve ter ciência que os elementos visuais não são só ilustrativos, mas contribuem ou atrapalham a construção da experiência.
Do macro ao micro, do abstrato ao tangível, cabe ao PD dividir o problema em partes e tentar desvendar seus pormenores.
Seja um solucionador de problemas
O foco do PD deve ser sempre olhar para a dor do negócio como premissa principal e resolvê-la simultaneamente ao problema do cliente, utilizando tecnologias viáveis. Isto é, as decisões táticas devem estar articuladas em função da estratégia e do negócio.
Conheça a jornada do usuário
Mesmo que desenhando apenas um produto, o Product Designer deve manter uma visão atenta ao ecossistema de negócios e ao contexto do usuário como um todo. É preciso entender não só a “jornada” do usuário dentro do produto, mas o seu cenário macro de uso. Para tanto, devem ser feitos alguns questionamentos.
- Como o produto fará parte do dia a dia das pessoas?
- Em quais momentos e com qual estado de espírito as pessoas farão uso do produto?
- A experiência fomenta um hábito já existente ou busca algum tipo de mudança comportamental?
- O produto está realmente tornando mais fácil um processo já existente?
Nessa jornada, o produto é um ponto de contato no meio do caminho, e não esgota o trabalho necessário para uma excelente experiência.
É importante entender motivações e necessidades não verbalizadas, como produto se encaixa na vida do usuário e na sociedade.
Fernando Paravela — Associate Design Director na Work&Co
Todas as decisões dentro de um projeto, por menores que sejam (fonte, cor, forma do botão e estrutura dos demais componentes que formam uma tela), estão inseridas em um sistema maior de grande impacto. Cada pecinha interfere no resultado final, que é fruto da harmonia e interdependência entre os elementos do sistema.
Vá além das compreensões básicas
Além das compreensões básicas do design, também podemos considerar os conhecimentos acerca da arquitetura de informação e do olhar para a prototipação.
O primeiro diz respeito a uma construção mais estratégica, relacionada à psicologia cognitiva e semiótica, por exemplo.
O PD deve estudar como as pessoas percebem os elementos, como leem e interpretam os signos, como cada detalhe constrói um ecossistema de produtos. Esse conhecimento tático está em falta no mercado!
Em relação à prototipação, é preciso entender que a atuação do profissional nunca será desenhar uma tela, mas sim contar uma história, pensando na interação, e guiar o usuário por uma jornada.
Como uma conversa, é preciso criar uma conexão com o usuário e conduzi-lo em um ritmo claro, didático e apropriado aos objetivos do projeto. Somente a partir da prototipação que podemos enxergar e projetar algumas dessas nuances.
Pense fora da caixa
Independentemente se o papel do Product Design na empresa é mais estratégico ou mais tático, o designer deve buscar ser um conector e tradutor entre as diversas partes e dimensões de um projeto. Assim, resolverá, por meio dessa disciplina, o problema que lhe foi dado.
Deve, ainda, se conhecer o suficiente para que, por meio de sua especialidade e características particulares, entenda como contribuir de maneira relevante. Mais que isso, saber como somar às suas forças às skills de um time e levá-lo para o próximo nível.
São as particularidades dos profissionais que fazem a diferença, portanto, o PD não deve ficar preso a conceitos pré-concebidos.
Fernando Paravela — Associate Design Director na Work&Co
Invista em qualificação
Além de ser um assunto vasto, o Design é uma área que está sempre mudando, sendo preciso buscar maneiras de se atualizar e especializar.
O curso de Digital Product Desgin da Echos, por exemplo, contempla todo um arco de disciplinas que compõem o Design de produtos digitais:
- estratégia;
- arquitetura da informação;
- fundamentos do design;
- criação do sistema de design;
- escalabilidade;
- consistência.
Com essa formação, você conhecerá os caminhos para atuar no segmento, aliando os conhecimentos de UX e UI. É um curso que traz um amplo repertório e abre diversas portas — basta ter interesse e curiosidade para ir além.
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