A tecnologia abriu as portas para um universo de novos negócios possíveis, além de redesenhar totalmente os já existentes. Com isso, uma infinidade de projetos “brotam” diariamente, tornando a diferenciação um enorme desafio aos profissionais e gestores.

Mais do que sucesso, inovar na empresa é ponto-chave para sobrevivência. O problema é que inovação depende de cocriação nas organizações: nesse contexto, quão criativa é sua empresa?

No Brasil, 1,4 milhão de novos negócios foram iniciados¹ apenas entre maio e agosto de 2021. Abre-se muito, fecha-se mais ainda: quase 50% dos empreendedores desistem antes dos 3 primeiros anos². As razões passam por ausência de planejamento, dificuldades de crédito, mas sobretudo, por resistência a reinventar-se, o mantra do mundo corporativo na era digital.

Renovação, criação e reinvenção são produtos de construção coletiva e quem almeja ter uma empresa de sucesso precisa aprender como criar a partir de pessoas, não de projetos. As próximas linhas serão seu guia para inovar com cocriação.

O que é a cocriação no cenário organizacional?

No passado, as empresas tinham foco nos bens e serviços. Criava-se o produto e se buscava convencer o público-alvo do quanto aquilo poderia ser importante. Hoje, compreendeu-se que a relação com o consumidor deve ser exatamente oposta: descobrem-se as necessidades mais íntimas desse potencial cliente e, a partir disso, busca-se modular soluções alinhadas ao seu dia a dia.

A criação passou a centralizar-se sobre as pessoas e isso se estendeu aos próprios colaboradores: com raras exceções, ninguém tem insights geniais solitariamente. A história das grandes empresas mostra que pioneirismo, via de regra, está atrelado às contribuições de diversos profissionais, em um processo de iteração que passa por todos os interessados, equipe interna, clientes, fornecedores etc.

Conceito fundamental na abordagem de Design Thinking, a cocriação parte da ideia de aumentar drasticamente o envolvimento dos usuários dentro do processo criativo, mas não somente eles: considerando que a multiplicidade de experiências e visões de mundo, é capaz de formatar protótipos mais completos e próximos do ideal, os muitos talentos que compõem as empresas devem também ser os agentes da construção do inédito.

Como fomentar a cocriação?

Você já percebeu que não dá para se isolar para inovar. É preciso associar conhecimentos para alcançar a originalidade, no entanto, ainda há muito a esmiuçar sobre essa constatação.

O mundo corporativo percebeu que pensar como designer facilita o encontro de soluções para os complexos desafios empresariais, ainda que estes se refiram a outras áreas.

Nessa esteira, constatou-se que liberdade de ideias, trabalho colaborativo, prototipação e testes sucessivos (com olhar sobre as pessoas), além das iterações permanentes, fomentam um ciclo de melhoria contínua que faz da inventividade algo muito menos subjetivo do que se imaginava.

Na perspectiva de aceleração do novo e do “go to market”, há inclusive reflexões sobre as possíveis etapas de cocriação nas organizações.

Embora não seja uma receita de bolo, a literatura especializada e os cases de sucesso têm em comum alguns procedimentos para transformar uma empresa repleta de ilhas em outra, mais integrada, engajada e apta à contribuição coletiva.

Conheça os quatro principais passos!

Arranque

Essa etapa é a de “quebra do gelo”, com palestras e treinamentos que diluam a rigidez tradicional com a qual as empresas tratam a formulação de novos caminhos.

O estímulo às proposições (sem rejeição ou críticas), à empatia e à força da criação multidisciplinar pode ser alavancado com atividades em equipe que construam a ideia de uma “mente coletiva”. O processo deve ser leve e divertido, deixando os colaboradores à vontade para externar seus pontos de vista.

Desafio

O desafio envolve adquirir um entendimento 360˚ do problema inicial — nessa altura, ainda visto como (des)entendimento.

Aqui, todos os pressupostos são deixados de lado. As equipes vão a campo colher o máximo de dados possíveis, buscando, inclusive com interações junto ao público-alvo, informações para transformar o papel em branco em um rascunho de trajeto a ser percorrido. Trata-se do ponto-base para uma boa cocriação nas organizações.

Prototipagem

De posse de todos os dados e contribuições externas, é hora da convergência. Com olhos fincados no fator humano, as possibilidades serão apresentadas e discutidas conjuntamente em busca de um protótipo que sirva como marco inicial para as melhorias sucessivas que virão gradativamente, alimentadas pelas contribuições externas adicionais.

Retroação

A quarta etapa do processo de cocriação é definida pela aplicação das ideias moduladas no momento anterior, aprimoradas durante a identificação de imperfeições (elencadas interna e externamente).

É importante perceber que, independentemente dos nomes dados às etapas, que variam bastante segundo cada experiência empresarial e estudos sobre o tema, a sequência de ações na direção da construção global de uma nova ideia aproxima os membros da equipe. Além disso, também fortalece laços profissionais, inclusive entre departamentos, e empodera o cliente, que passa a ser também agente da “customização do novo”.

Quais os benefícios da cocriação nas empresas?

Mais do que uma ideia, promover um ambiente criativo na empresa é internalizar em sua cultura valores como engajamento, altruísmo, empatia, respeito e foco total no cliente. Os benefícios de uma organização criativa são diversos:

  • imposição de uma marca ligada à inovação;
  • desenvolvimento de uma mentalidade empresarial de pioneirismo;
  • diferenciação no mercado;
  • criação de produtos e serviços mais eficientes e exclusivos;
  • promoção da elasticidade e capacidade de adaptação entre equipes;
  • aproximação e valorização do cliente;
  • diminuição de custos com retrabalhos e relançamentos de produtos/serviços equivocados.

Que aspectos devem ser levados em conta adotar a cocriação de forma efetiva?

Cocriar nas organizações é um passo decisivo para torná-las mais rápidas, leves e flexíveis para as transformações do mercado. É substituir a visão limitada intradepartamental por uma compreensão total do que a empresa realmente faz.

Para além dos estágios citados no tópico anterior, há muitas formas de estimular a cocriação na mente de cada profissional. A maioria delas visa eliminar o bloqueio criativo, algo muito comum em ambientes formais e com alto potencial de julgamento.

1. Utilize a hierarquia a favor da inovação durante os encontros de cocriação

Ao reunir participantes de diferentes níveis hierárquicos — e de setores distintos — é possível que muitos se sintam intimidados em contribuir. Você pode transformar esse ambiente com leveza, por exemplo, promovendo o sorteio de novos postos para cada participante.

A partir dos novos cargos, que cada um assume de forma fictícia durante as reuniões, eles devem propor ideias a partir da perspectiva que acreditam ser comum às suas novas funções. Essa atividade lúdica ajuda a quebrar preconceitos, retirar a pressão inicial e estimular a liberdade de ideias que talvez não seriam externalizadas em seus papeis “reais”.

2. Busque uma Escola de Design Thinking para atuar in company

Atualmente, as companhias que mais se destacam em rentabilidade são as mesmas que investem em inovação, inclusive subsidiando a qualificação de seus profissionais.

Se considerarmos que, de fato, aprender a “pensar o novo” não é tarefa tão simples, bem como que a inovação é indutora do sucesso das empresas modernas, o cenário ideal é que as organizações invistam na capacidade criativa de seus talentos. O Design Thinking atua propondo soluções para essa questão, cuja cocriação é apenas uma pequena parte dessa abordagem.

Ter o auxílio de especialistas em Design Thinking ajuda a acelerar o processo de evolução corporativa, convertendo-a em um ecossistema de inovação. Existem escolas com expertise no desenvolvimento de programas customizados in company, com foco em incorporar a criatividade na estrutura de seu negócio e na cultura de sua empresa.

3. Descentralize o processo decisório

Cocriar com equipes multidisciplinares é essencial para que a capacidade de entendimento empresarial se multiplique e essa é a essência do Design Thinking, que há muito tempo não é usada apenas por designers. A questão é que idealizar impõe autonomia, e isso sugere descentralização.

Pensar como um designer é ter habilidade de projetar estados futuros, ganhando aptidão para desenhar diversos tipos de projetos, nas mais diversas áreas de atuação. Isso só se faz com pessoas de áreas diferentes pensando juntas soluções para outras pessoas diferentes. Um processo que gera além de inovação, uma mentalidade de aprendizado contínuo.

Dessa forma, dê espaço para que seus colaboradores possam tomar decisões, sentindo-se efetivamente parte do projeto, não apenas executores de tarefas. O mero cumprimento de ordens desestimula e atrofia a criatividade de seu capital humano.

Se interessou e compreendeu a importância da cocriação nas organizações? Quer conhecer mais sobre os desafios atuais do mundo dos negócios? Então continue conosco, descobrindo agora o que é economia criativa!

¹ Abertura de novas empresas bate recorde no Brasil

² Quase 50% das empresas fecham em até três anos

 

Equipe Echos