O Instituto Update é organização sem fins lucrativos criada para fortalecer ações e lideranças que estão emergindo na América Latina com o potencial de apresentar novas referências para a democracia, resgatar a confiança dos cidadãos e enfrentar a desigualdade na região. Uma de suas fundadoras é a cientista social Beatriz Pedreira. Ela será uma das palestrantes da DT CON,nossa conferência de design thinking que irá acontecer entre os dias 26 e 27 de novembro na EBAC (Escola Britânica de Artes Criativas), com o tema Diversidade na construção da política. Batemos um papo com ela sobre as novas maneiras de fazer política e como resgatar a esperança das pessoas nesta área.
1- O que te levou a criar uma organização com o tema politica?
O Update sempre teve como base a perspectiva de que a transformação social vem de todos os lugares, não só do civil, do público e do privado, mas de todos. É preciso entender correlações entre as forças e como elas são importantes para uma democracia saudável
2- Como resgatar a esperança das pessoas na política no momento atual?
É um pouco difícil falar de futuro de um lugar incerto, já que estamos em um momento de transição. Mas o importante agora é entender que a política é um instrumento de transformação – e não só algo que usurpa e machuca. É como um martelo, uma ferramenta que, dependendo da forma que é usada, pode ajudar a pregar um prego na parede ou pode machucar.
Neste momento estamos vivendo o ápice do divórcio entre sociedade e a política – as pessoas estão cansadas e desconectadas do assunto. A tecnologia, como as mídias sociais, aceleram processos da política com a velocidade e mudança de comportamento, mas ela também é só uma ferramenta. Sendo uma ferramenta ela pode ser usada para outros meios, como para o mau, como vimos no caso das fake news.
Uma solução para isso é fazer política de perto. É preciso sair um pouco do on-line e resgatar a política do encontro, da escuta, um processo que tem muito nas metodologias de inovação.
3- Qual o nosso papel na política agora que as eleições passaram?
Existe uma ilusão de que quando passam as eleições nosso papel acaba aí. Não importa se seu candidato ganhou ou não, o day after e reconstrução da política parte da gente. Nos próximos anos todos precisam se aproximar de movimentos políticos que tenham a ver com seu ideal, seja de direita ou esquerda. Todos precisam se responsabilizar, estar muito mais participativos, ir a algumas reuniões e encontros, se informar de um jeito profundo e sempre duvidar de informações. É responsabilidade de todos estar vigilantes e entender os processos políticos.
4- Teria exemplos práticos de ações que podemos fazer e lugares a frequentar?
Comece por você mesmo: reúna meia dúzia de pessoas para conversar, fazer uma troca de ideias de como os fatos os atingem e como podemos estar atentos. Até mesmo perguntar como a pessoa está, quais são suas angústias. É isso que te faz conectar com o nível humano.
Uma empresa pode chamar pessoas para fazer uma roda do diálogo sobre as possibilidades de novas formas de fazer política, já que as pessoas estão cansadas das formas atuais.
Podemos ainda participar de encontros de diálogos e organizações que promovam conhecimentos democráticos. Enfim, temos um longo caminho para uma sociedade inteira fazer, incluindo as empresas.
5- Como podemos relacionar política com design?
Os métodos de design já são usados para construção do processo de politicas, eles são aliados. O design tem um processo bem estabelecido para capacitar e criar soluções por meio da construção de coletividade, diálogo, e com o humano centro. Assim ele é uma ótima maneira construir coletivamente, mapear as necessidades, desilusões e angústias.
Gostou do assunto? Não perca a chance de ouvir a palestra de Beatriz ao vivo em nossa DT CON! Além dela, teremos outros grandes nomes nacionais e inernacionais.
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