Duda Carvalho tem apenas 26 anos, mas já fez muita coisa para deixar o mundo melhor. É que durante toda sua vida a recifense, que é formada em comunicação, trabalhou no terceiro setor, em projetos de impacto social. Atualmente, ela tem sua própria organização sem fins lucrativos: a TODXS (lê-se todis), um grupo cujo objetivo é empoderar a comunidade LGBTI+, educando a sociedade e transformando o Brasil em um país verdadeiramente inclusivo e livre de discriminação.

E Duda faz isso com muito bom humor. É que ela acredita que a leveza é a melhor maneira de levantar uma bandeira, muito mais do que o drama. Duvida? Tente assistir ao vídeo de sua apresentação no evento TODXS Conecta: Quebrando a Invisibilidade sem dar uma única risada.

 

Duda será uma das palestrantes da DT CON, nossa conferência de design thinking que irá acontecer entre os dias 26 e 27 de novembro na EBAC (Escola Britânica de Artes Criativas). Para te dar um gostinho sobre o que ela vai falar em sua palestra Diversidade como caminho de futuro fizemos uma breve entrevista com ela. 

1) Quem é a Duda?
Eu tenho 26 anos, sou nordestina de Recife e trabalhei grande parta da vida no 3º setor, atuando com desenvolvimento de lideranças e marketing digital. No mundo corporativo sempre trabalhei com comunicação e gestão.

Tenho uma grande paixão por empreendedorismo e impacto social. Já que a gente vive um Brasil socialmente muito defasado e crítico em relação a dignidade humana, e já que o Estado não consegue proporcionar as medidas necessárias para que isso aconteça, cabe a nós cidadãos  fazermos isso. E isso inclui desde ter uma organização que faça algo ou apoiar projetos em prol dos grupos subrepresentados se eu for um empresário.

2) Como surgiu a Todxs?

Somos quatro co-fundadores, eu mais 3 rapazes – Willian Mallmann (SC), Pedro Souza (MG) e Ítalo Alves (CE). Nos conhecemos por meio de grupos de atividade de universidade – AISEC e Fundação Estudar. Em 2016 um casal homossexual amigo de Ítalo estava em um bar e após uma troca simples de afeto, eles foram convidados a se retirar de lá. Uma batalha perdida num dia qualquer, mas que ilustra a realidade de milhares de lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, interssexuais e toda a diversidade de gênero e orientação sexual no Brasil.
Assim como em Fortaleza, existem vários municípios brasileiros onde há punição em casos de discriminação e violência em estabelecimentos comerciais. Porém este casal, assim como muitas pessoas na comunidade LGBTI+, não sabiam de seus direitos enquanto civis.

Nós sabíamos disso porque estávamos sempre nos informando sobre o assunto, mas grande parte da comunidade não sabe. Então decidimos criar a Todxs com o primeiro objetivo de disseminar e universalizar o conhecimento destes direitos comuns para população.

Nosso primeiro passo foi desenvolver um app da Todxs – onde colocamos leis, mapeamos casa de acolhimento, locais para denúncia e mapa da homofobia. Depois percebemos que poderíamos fazer muito mais – além de universalizar o conhecimento – queríamos empoderar as pessoas para que elas pudessem ter espaço de fala. Hoje temos ao todo 23 projetos e desde março, aumentamos nosso corpo de voluntários e passamos de 20 pessoas para 110, com membros por todas as cidades e até fora do país.

3) Conte um pouco sobre alguns dos principais projetos da TODXS?
Atuamos com empresas como consultoria para diversidade e inclusão – realizamos recentemente uma cartilha de diversidade para a 99 Taxi na qual falamos de coisas como: o que é ser homofóbico, como preservar boas relações e conduta e conscientização para desmistificar ideias e conceitos. Outros projetos que podemos citar:
TODXS Café, que conta com mesas redondas falando de assuntos pertinentes para a diversidade, como “Nome Social: Desafio e Perspectivas” para o público trans até “Políticas de Diversidade e Inclusão em Empresas”, contando com os nossos parceiros aliados Ambev, Mattos Filho e Facebook;
TODXS Conecta, um evento de visibilidade que une pessoas e histórias extraordinárias para contar de sobrevivência, existência e resistência da comunidade LGBTI+ trazendo pessoas inspiradoras no palco da diversidade para dialogar e inspirar a população que pode ser cada vez mais forte;
TODXS Embaixadorxs, um programa de capacitação para jovens que buscam trazer iniciativas de intervenção social em suas cidades através de projetos para solucionar os problemas da comunidade LGBTI+ dentro todas as regiões do país.

4) Em relação ao ambiente de trabalho, qual a importância de militar nesta causa?
O ambiente de trabalho é o lugar onde o sujeito passa mais horas do seu dia, se desconsiderarmos o tempo que ele está dormindo, portanto é um espaço com potencial de mudança muito grande. Se as empresas presam por um ambiente social produtivo e justo, essas ações podem ter um grande impacto positivo.

5) As empresas têm procurado mais a Todxs?
Bastante. Elas estão entrando nesta preocupação com diversidade e de todos os tipos (sexualidade, raça, social). Para implantar essa diversidade, elas recorrem a consultorias ou os funcionários fazem grupos de afinidade LGBTs ou negras para trocar ideia e realizar projetos. Na Google, por exemplo, existe o grupo dos Gayles.

6) Como isso pode contribuir para a inovação?
Quando a gente entende que a inovação não existe se não criar algo de valor para as pessoas e pensada para as pessoas, vemos que a diversidade de olhares é o melhor recurso para criar ideias prósperas. Isso também inclui olhar para dentro, acolher e cuidar destas pessoas.

7) Você tem acompanhado os resultados nas empresas?
Como os projetos são muito recentes, ainda não temos métricas claras, temos apenas observado os bons resultados por meio dos retornos positivos dos gestores e as pessoas que têm compartilhado a cartilha de forma orgânica, por exemplo.

8) Do que você vai falar na sua palestra?
A ética é um conceito que muda ao longo do tempo. Considerando isso, como fazer com que as empresas e as pessoas garantam que a ética possa evoluir e exercer seu papel de entregar à população um estado de bem-estar social?

Gostou do assunto?  Não perca a chance de ouvir a palestra de Duda ao vivo em nossa DT CON! Além dela, teremos outros grandes nomes nacionais e inernacionais.

Garanta aqui seu ingresso!

Veja entrevistas com outros palestrantes:

“O futuro não é um ponto final, mas um lugar de oportunidade” – conheça Monika Bielskyte, futurista e palestrante da DT CON

Como projetar o futuro das cidades? Descubra com Carla Link, designer e participante da DT CON

“O futurismo pode transformar riscos em oportunidades” – entrevista com Demetrio Teodorov, Futurista e Superintendente de Inovação na Alelo

 

Ricardo Ruffo

Ricardo Ruffo is a born entrepreneur, educator, speaker and explorer. As a writer by passion Ricardo daydreams on how the world is changing fast and how it could be.

Ruffo is the founder and global CEO of Echos, an independent innovation lab driven by design and its business units: School of Design Thinking, helping to shape the next generation of innovators in 3 countries, Echos – Innovation Projects and Echos – Ventures. As an entrepreneur, he has impacted more than 35.000 students worldwide and led innovation projects for Google, Abbott, Faber-Castell and many more.

Specialist in innovation and design thinking, with extensions in renowned schools like MIT and Berkeley in the United States. Also expert in Social Innovation at the School of Visual Arts and Design Thinking at HPI – dSchool, in Germany.

Naturally curious, love gets ideas flying off the paper. He always tries to see things from different angles to enact better futures. In his free time, spend exploring uninhabited places around the world surfing.