O século XXI mal começou e já vemos transformações profundas na economia, na sociedade e na forma de fazer negócios. Como eixo central desse processo, a tecnologia tem intensificado a forma que as pessoas se conectam como também a velocidade em que os conceitos são quebrados e reinventados.

Por outro lado, ainda vemos um descompasso entre essa realidade e a forma como enxergamos a economia e como fazemos negócios. Ao mesmo tempo que a evolução nos coloca diante de problemas cada vez mais complexos, ainda os abordamos a partir de uma mentalidade antiga.

Como aponta Otto Scharmer, economista e professor do Massachusetts Institute of Technology, estamos passando por uma transição de um sistema econômico baseado no pensamento individual – EGO – para um modelo mais holístico e interconectado – ECO.

ECO EGO

Para darmos um salto de consciência, faz-se necessário desenvolver essa nova economia ECO, uma economia 4.0, ecossistêmica, co-criativa, baseada em redes distribuídas e que acolhe o todo de maneira ampla. Abrindo assim espaço para inovações intersetoriais e envolvendo todos os participantes do ecossistema.

É exatamente nesta transição que nos encontramos atualmente e é neste espaço que os negócios do futuro estão sendo criados. Temos cada vez mais claro que o momento em que vivemos não é só muito dinâmico, mas é também extremamente competitivo e desafiador. O que implica dizer que, em essência, ocorrerá uma mudança drástica na forma como geramos valor e como e porque negócios prosperam e falham.

Como dissemos, esse novo mundo está emergindo assim como negócios que irão criar essa nova economia 4.0. Eles podem nascer locais, mas com ambições globais. Eles precisam refletir um propósito pessoal forte e claro ao mesmo tempo que geram lucro e valor para a sociedade.

Para atingir esse objetivo eles precisam também ser inovadores e velozes. Do mesmo modo visão estratégica, persistência e capacidade de execução devem estar no DNA dessa nova forma de fazer negócio.

Mas como esses negócios são na prática?

Trouxemos para você 3 exemplos de negócios do futuro que estão impactando o Brasil e o mundo. Confira!

1 – Nubank: a nova geração de serviços financeiros no brasil

Pare por um minuto e se imagine indo ao banco abrir uma conta corrente.

Antes de sair para o banco você avisa ao seu chefe (sócio ou cliente) que precisará de umas horinhas para ir ao banco. O próximo passo é se deslocar até o banco. Lá você precisa deixar seu celular e bolsa em um compartimento especial para passar pela porta giratória (que trava de tempos em tempos mesmo que não haja metal algum com você). Ao entrar pega uma senha de atendimento e espera sua vez para falar com um gerente de conta (sem usar o celular haja vista que não é permitido pela legislação).

Depois da espera o mesmo gerente avisa que infelizmente vai precisar de alguns documentos para finalizar a abertura da conta. Você, naturalmente, não possui todos os documentos necessários em mãos e precisa ir em casa buscar os documentos. Além disso ele não precisa só dos documentos, como também precisa de uma cópia desses documentos.

Ao voltar ao banco você consegue evitar a fila (já que já foi atendido anteriormente) e continua o atendimento que dura em média 30-45 minutos. Após vários dias úteis você finalmente recebe seu cartão em casa.

Mas a novela não acaba por aí: ao começar a usar os serviços do banco percebe que as taxas são muitas e todas muito caras (com juros rotativos em torno de 450%, taxa para tirar extratos e afins).

Como resolver um problema como esse?

Assim surgiu o Nubank.

O fundador da empresa, depois de viver na pele essas experiências, buscou a partir da tecnologia resolver todos os problemas de um banco tradicional.

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Para evitar os altos custos dos bancos tradicionais, o Nubank não trabalha com agências ou correspondência via correios ou central de atendimento via telefone.

Para gerar mais valor para o consumidor ele também não cobra taxas ou anuidade. Veja como funciona:

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A interface de contato com o banco é simples e fácil de usar, tanto pelo aplicativo quanto pelo website. Todos os seus gastos são mostrados em tempo real e você pode personalizar sua experiência criando filtros, “tags” e até emojis. Por fim, mas não menos relevante, o Nubank é transparente com seus gastos mostrando quais os impostos são cobrados nas suas compras como o IOF.

2 – Pague Verde: economize energia e seja recompensado

Talvez um dos maiores obstáculos que enfrentamos no nosso dia-a-dia é a conta de energia. Muito provavelmente você já tentou entender o que você está realmente pagando, mas convenhamos que as informações são bem pouco claras. “Existe uma tarifa? Esta tarifa é cobrada sobre o kWh de consumo? kWh? O que significa dizer que eu consumo 350kWh por mês? Isso é muito ou pouco?”. No fim, você percebe que as informações da conta de energia são muito técnicas e assume que só especialistas conseguiriam entender aquilo.

Disso tudo, a única informação que realmente te chama a atenção é o valor da conta. E a conclusão costuma ser a mesma: é preciso desperdiçar menos energia.

Ao pesquisar soluções que realmente impactam no consumo, você se depara com uma tal de energia solar, que além de cara tem um longo tempo de retorno. Essa possibilidade ainda é descartada se você morar em um apartamento (e não possui telhado para colocar).

No fim, você se sente frustrado, não sabe como as suas ações impactam na sua conta e não se sente motivado para diminuir o consumo. Além disso, você nota que a distribuidora lucra na medida em que você consome e, por isso, ela não tem interesse em incentivar a redução dele.

Foi a partir desta preocupação com o usuário de energia elétrica que surgiu o Pague Verde.

O Pague Verde, projeto que surgiu durante o curso ENACT, é uma plataforma que tem como principais objetivos:

  1. fornecer ao usuário informações de qualidade a respeito do seu consumo
  2. incentivar a redução de energia oferecendo recompensas diretas

A startup acredita que a principal fonte de energia que temos disponível hoje é a energia que desperdiçamos. E a falta de consciência no consumo é um problema ecossistêmico que engloba todas as etapas da cadeia de fornecimento. Afinal, de que adiantam novas formas de geração de energia se continuamos jogando o que temos fora?

Por isso, o Pague Verde monitora a sua conta de energia e todo mês encaminha um relatório personalizado, onde constam informações da sua energia, uma comparação do que você gastou com as casas no mesmo padrão que o seu, além de dicas para que você reduza o seu consumo.

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Sempre que você reduzir o seu consumo, você acumula um valor equivalente em pontos na plataforma, ou seja, você adquire o equivalente em uma moeda verde que pode ser trocada por benefícios diretos, como:

  1. descontos em produtos e serviços
  2. ingressos para cinema e teatro
  3. descontos em passagens aéreas, entre outros.

O usuário é o grande beneficiado do negócio, pois além de conseguir acompanhar facilmente o consumo de energia da sua casa, tem sua economia duplicada! Com a redução de energia, naturalmente sentirá diferença no valor da conta e com isso poderá trocar os pontos por diversos benefícios oferecidos pelas empresas parceiras. O melhor ainda está por vir: ele não paga nada por isso, já que o Pague Verde vê um grande valor na economia de energia gerada pelo usuário.

3 – AirBNB: o hotel sem propriedades

Por fim, imagine que você é um estudante universitário desempregado e gostaria de viajar para conhecer alguns dos lugares mais incríveis do seu país e do mundo.

Como fazer para ficar hospedado em um local interessante pagando pouco e, de quebra, ter uma experiência incrível com um morador local?

Surge então o AirBnb!

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O Airbnb é uma das principais plataformas de oferta de hospedagens do mundo, sem que a empresa tenha uma única propriedade para aluguel em seu nome.

Ao usar o poder da economia colaborativa e da tecnologia, a empresa oferece, em mais de 190 países, uma nova experiência de hospedagem apenas conectando pessoas ao que já existe. Os proprietários anunciam suas casas, apartamento ou outro tipo de imóvel e o usuário escolhe a que mais lhe convém, adequada ao seu estilo de viajar. A plataforma do Airbnb faz a intermediação, cobrando apenas se a reserva for efetuada.

O incrível é que a tecnologia possibilitou à companhia ter uma base diversificada de hospedagens sem precisar desembolsar nenhum dinheiro para adquiri-las.

Pelo Airbnb, é possível, por exemplo, passar uma noite numa cabana de trem nos Estados Unidos, em um castelo na Irlanda ou até mesmo dentro de um iglu na Áustria.

Questionando o próprio conceito de hotel, o Airbnb representa uma forma disruptiva de fazer negócios, porque usa o poder das redes, cria novas formas do dinheiro circular e estimula pessoas a compartilharem espaços que estão vazios. Com muito menos recursos, a companhia consegue atingir um público mais amplo e oferecer serviço de hospedagem mais barato e mais humano.

Mas como criar um negócio do futuro?

Consideramos os três exemplos como negócios do futuro porque nasceram para resolver problemas reais de pessoas reais. Eles possuem forte empatia pelos seus clientes, são assertivos, dinâmicos, flexíveis e transparentes. Por isso, dialogam com os novos cenários que vivemos e viveremos cada vez mais.

Além disso, agem com propósito, estão aqui para impactar de modo positivo a sociedade. Esse propósito é o mesmo que mantêm o time unido, desperta interesse nos primeiros clientes e admiradores, e pressiona os próximos passos do novo negócio. Esse propósito é o símbolo do poder transformador que os negócios têm hoje.

Indo além do lucro e pensando de forma sistêmica, os negócios do futuro trazem uma proposta de valor de longo prazo que atendam não apenas à empresa, mas ao mercado e à sociedade como um todo. O objetivo maior é sempre estabelecer uma relação ganha-ganha para todos os envolvidos.

Mas sabemos que criar esse novo mundo não é uma tarefa fácil, porque depende das pessoas. Porém, assim como negócios do futuro estão emergindo, acreditamos também que as pessoas que irão criar esse futuro estão entre nós.

Você também se acha um rebelde e quer criar um negócio disruptivo? Que tal conhecer o curso Business Design Experience? 😉

Ricardo Ruffo

Ricardo Ruffo is a born entrepreneur, educator, speaker and explorer. As a writer by passion Ricardo daydreams on how the world is changing fast and how it could be.

Ruffo is the founder and global CEO of Echos, an independent innovation lab driven by design and its business units: School of Design Thinking, helping to shape the next generation of innovators in 3 countries, Echos – Innovation Projects and Echos – Ventures. As an entrepreneur, he has impacted more than 35.000 students worldwide and led innovation projects for Google, Abbott, Faber-Castell and many more.

Specialist in innovation and design thinking, with extensions in renowned schools like MIT and Berkeley in the United States. Also expert in Social Innovation at the School of Visual Arts and Design Thinking at HPI – dSchool, in Germany.

Naturally curious, love gets ideas flying off the paper. He always tries to see things from different angles to enact better futures. In his free time, spend exploring uninhabited places around the world surfing.