Quando projetamos futuros na Echos, nos concentramos em criar futuros desejáveis. E enquanto fazemos isso, é essencial que nos perguntemos para quem esse futuro é desejável e quem são as pessoas envolvidas nessa concepção.

Ambas as questões são importantes porque o que é desejável para um grupo de pessoas pode não ser visto da mesma forma por outro. Por isso, trata-se de algo subjetivo e definido pelo contexto do que beneficiaria um determinado grupo de pessoas, mas não necessariamente os indivíduos fora dele.

Quando começamos um projeto de design de futuro, nos questionamos:

  • Quem está incluído no desenho deste novo futuro?
  • Quem é ou pode ser excluído do processo de design e por quê?
  • Qual é o impacto desse futuro nas pessoas que estão incluídas neste projeto e o impacto naquelas que podem não se beneficiar dele?

É fundamental entender que o que é considerado desejável é subjetivo. Nenhum sistema de design é equitativo. Dessa forma, é  crucial entender que, tanto quanto possível, os futuros que consideramos desejáveis devem ser voltados para a igualdade e oportunidades para a maioria da população.

Juliana Proserpio, co-fundadora da Echos, diz: “O design de futuros desejáveis é uma abordagem que nos ajuda a visualizar futuros muito além do que acreditamos que vai acontecer, como envolve tendências ou previsões, mas sim como uma construção coletiva e intencional para criar futuros positivos e impactantes para a sociedade”.

Nossos quatro princípios

Somos guiados por quatro princípios ao projetar futuros desejáveis aqui na Echos. Sendo assim, garantimos que estamos desenvolvendo futuros cheios de possibilidades e resultados positivos para a maior parcela possível da sociedade.

  • PESSOAS

Em primeiro lugar, devemos considerar o que é melhor para as pessoas envolvidas em qualquer futuro possível ao desenvolvê-lo. Um conjunto diverso de pessoas deve ser incluído na criação de novos futuros possíveis. Mais do que apenas considerar tecnologias e negócios, precisamos pensar no futuro com base no que é melhor para a maioria da sociedade

  • ÉTICA E DIVERSIDADE

A criação de futuros é um ato político. A diversidade é crucial para a cocriação de futuros desejáveis. Sem contar que, com a diversidade de muitas vozes e pontos de vista, podemos recriar sistemas aos quais estamos acostumados. E muitos de nossos sistemas atuais são baseados em modelos autocráticos, beneficiando os poderosos, que são recompensados. Sem pontos de vista que não representem o status quo, os preconceitos e julgamentos serão recriados em qualquer futuro que projetarmos.

  • EMERGÊNCIA

Tudo o que projetamos e criamos tem impactos sistêmicos não intencionais. Mesmo os projetos com os focos mais altruístas irão, em algum momento, revelar situações que criam desvantagens ou falhas críticas. Mesmo monitorando o sistema para futuras possibilidades problemáticas, sempre surgirão eventos imprevisíveis. Garantir que todo processo de design abranja o inesperado proporciona mais liberdade para lidar com emergências.

  • O FUTURO É SEMPRE UMA POSSIBILIDADE

Não é uma previsão. Não é um futuro singular. É o plural, ‘futuros’, e toda projeção é baseada no que é possível e desejável. Os cenários que criamos são sempre conjecturas que nos ajudam a preparar e criar uma forma de ver e agir no presente para tornar aquele futuro desejável possível.

Aplicando nossos princípios

Genevieve Bell, futurista e antropóloga cultural, explica: “Precisamos reconhecer que as conversas do futuro têm um passado e precisamos pensar nos sistemas sociotecnológicos que construímos, não apenas na tecnologia em si”.

Em nosso último princípio, explicamos que todos os futuros são conjecturas e funcionam como uma estrela guia para mudar nossas ações hoje. Então, cada dia nos aproxima de uma das opções mais desejadas. Genevieve Bell afirmou que cada momento no futuro também tem um passado. Precisamos pensar estrategicamente sobre as ações que estamos tomando hoje que nos moverão para mais perto — ou longe — de um futuro desejável.

Cada um dos nossos quatro princípios nasce da nossa prática de projetar futuros desejáveis.

Aprendemos, ao longo dos anos, ser perigoso não criar um futuro com as pessoas que serão impactadas por ele. Criar futuros justos e equitativos para uma ampla parcela de sociedades é impossível sem colocar as pessoas no centro da questão.

Um futuro desenvolvido olhando para a tecnologia como força motriz irá replicar o passado se não valorizar a ética e a diversidade. Um futuro criado por pessoas que dominam o poder atual incorporará essa estrutura de poder em qualquer novo cenário que elas criarem. Se houver apenas uma visão do que é possível, nos limitamos, repetimos o passado e não damos espaço para que nada novo surja.

Projete um futuro desejável

Basta olharmos para os últimos dois anos para compreendermos plenamente que nem sempre as coisas correm conforme o planeado. Portanto, conseguir pensar em futuros plurais e criar oportunidades com um grupo diversificado de pessoas nos dará mais opções.

Precisamos continuar a mudar as expectativas à medida que nosso mundo muda. Dessa forma, projetar futuros desejáveis nos dará esperança e abrirá possibilidades onde não havíamos visto antes. Este não é o dom da previsão; é o dom de outras formas de ver. Quanto mais colaborarmos e aprendermos uns com os outros, mais chances teremos de trabalhar juntos e resolver os grandes problemas deste mundo.

Baixe a próxima parte do nosso Design Futures Toolkit para aprender sobre nosso processo. Ou entre em contato para obter mais informações de como o design de futuros pode ajudar a sua organização.

 

Juliana Proserpio

Juliana Proserpio é empresária e educadora. Ela é a cofundadora e chefe de design da ECHOS, laboratório de inovação e suas unidades de negócios: Echos – Escola de Design Thinking – uma escola que coloca a inovação em prática, e Echos – projetos de inovação.
Nos últimos 10 anos, Juliana tem trabalhado para desenvolver um ecossistema de inovação na Austrália, Brasil e, recentemente, em Portugal para fomentar o poder do design para futuros desejáveis.
Ela tem mais de 10.000 horas trabalhando próximo aos clientes em design de facilitação, liderando uma ampla gama de projetos em setores como saúde, finanças, educação, varejo, notícias, tecnologia e bens de consumo.
Juliana fala sobre o poder do design para criar futuros desejáveis. Ela falou em eventos como o Global Innovation Summit em San Jose, Califórnia, TEDxMaua em São Paulo, Brasil, What Design Can Do e o Sydney Design Festival.