Como indústria, o design está vivenciando um crescimento enorme. Os designers estão sendo convidados a transformar suas organizações em empresas que vão prosperar num mercado global que está evoluindo rapidamente.

Convidamos líderes em design do mundo todo para uma série de webinars internacionais a fim de discutir como os designers devem mudar e transformar mindsets e adquirir novas habilidades para se tornarem os líderes que nossas organizações precisam, se desenvolvendo em uma indústria em constante mudança.

Este webinar é o primeiro da série e foi gravado em 20 de maio com os painelistas Peter Merholz, co-fundador da Adaptive Path, Jaakko Tammela, diretor de CX e Design da Dasa, e Priscilla Williams, VP de Service Design & UX do Citibanamex.

Em conversa com Juliana Proserpio, co-fundadora e diretora de design da Echos, eles explicaram como a liderança em design está ganhando importância em organizações do mundo todo. Eles falaram também sobre por que o design é tão necessário quanto marketing e vendas, como os designers estão procurando e criando comunidades maiores e por que os designers precisam pensar de forma ainda mais abrangente que um gestor – afinal, design é liderança.

A seguir, mostramos os destaques da conversa, que teve uma hora de duração. No fim deste artigo há um link para a gravação completa.

Por que a liderança em design é importante?

A liderança em design ainda não é uma posição amplamente conhecida ou discutida nas organizações. Por ser um conceito emergente, na Echos definimos a liderança em design como uma combinação das funções de gestor, visionário e profissional de design. Os líderes em design devem alternar entre essas diferentes tarefas e papéis. Isso inclui: construir uma visão ampla para a organização, entender como gerenciar uma equipe de design e atuar como profissional de design para manter e ensinar boas práticas em sua equipe.

A definição de liderança em design como cargo em uma empresa e em nível conceitual está evoluindo constantemente. E a única forma de desenvolver a maneira como a liderança é adotada dentro das organizações é reunir ideias daqueles que estão atualmente envolvidos com o trabalho de liderança.

“Os designers são muito importantes neste momento, porque muitas empresas estão se tornando empresas de tecnologia e, por isso, precisam dos designers para trazer essas experiências digitais importantes à vida.”

Peter Merholz, Executivo de Design, Consultor organizacional
& fundador da Adaptive Path

 

 

Com a expansão das experiências digitais no mundo todo, a necessidade de as empresas se tornarem empresas de tecnologia só vai aumentar. E isso significa que os designers e metodologias de pensamento em design vão expandir seu alcance no futuro.

 

“Designers são necessários para simplificar a complexidade de todos esses novos produtos em software. Um dos superpoderes do design é que ele conecta pessoas.”

Priscilla Williams, Vice-presidente de Design de Experiência no Citibank

 

 

É aqui que a adoção do design como metodologia que estuda o pensamento e comportamento dentro das organizações gera um verdadeiro valor de negócio. Adotar uma abordagem holística centrada em humanos para os negócios e para a resolução de problemas vai levar o design para além de uma mera produção de produtos, caminhando para uma nova mentalidade e abordagem que resolvam problemas em toda a empresa.

Como aumentar um time de design

Uma das coisas com a qual líderes em design estão tendo dificuldade no mundo todo é contratar e desenvolver uma equipe rapidamente. Todos os líderes globais do painel compartilharam seus aprendizados de como e quando começar a aumentar a equipe. E, o mais importante, como fazer isso bem.

“Tenha noção de onde você quer estar em alguns anos e depois determine quando você vai colocar designers nessas funções. A maioria dos gestores em design não gasta tempo suficiente contratando e gerenciando e espera que os outros possam fazer a maior parte desse trabalho para eles.” – Peter Merholz

Escalar a qualidade também pode se tornar um problema. Pequenas equipes são mais simples de gerenciar e mensurar quando se trata de consistência e padrões. Quando as equipes crescem, esse processo pode se tornar mais complexo e menos definido. É aqui que sistemas formalizados de treinamento e controle de qualidade se tornam muito importantes.

“Você precisa se preocupar com consistência e treinamento, especialmente em grande escala.” – Priscilla Williams

Para obter apoio para crescer, é importante desenvolver um business case de design em toda a organização. Equipes maiores vão possibilitar mais oportunidades de que o design seja usado em mais projetos e em novas partes da empresa.

“Precisa haver um apetite por mais design. É preciso provar o valor do design. Você precisa evitar criar uma bolha em que os designers se sintam desconectados do resto da organização. Portas precisam ficar abertas para que o resto da organização possa fazer parte dessa bolha do design.”
Jaakko Tammela, diretor de CX e Design da Dasa

 

 

Para melhorar o processo de contratação e aumento da equipe, é importante colaborar com o departamento de RH. Um líder em design precisa enxergar a tarefa de contratar como uma parceria, e se engajar intimamente no processo.

“Os líderes em design vão acabar fazendo parcerias com o RH de novas maneiras. Você vai precisar garantir que seus designers ganhem o que valem. Da perspectiva de design, a contratação e gerenciamento podem sobrecarregar líderes em design e tomar todo o tempo deles.” – Peter Merholz

Como liderar a mudança e influenciar decisões de negócio

Para muitas organizações, ter uma grande equipe de design é algo novo. E para a gestão superior, ou C-suite, o valor do design é algo desconhecido. É papel do líder em design definir claramente o valor do design em uma linguagem que outros líderes de negócio entendam.

“Ao falar de negócios, os designers tendem a querer fazer apenas a parte divertida, mas para desenvolver uma conexão com as partes interessadas, você precisa entender a língua deles. Veja as partes interessadas como alguns de seus principais usuários. Eles são seus usuários mais importantes. Se você conseguir mostrar o valor do design por meio de sua metodologia, eles conseguirão valorizá-lo mais. Certifique-se de que você não fale apenas de design com eles, mostre-lhes o valor do que você está criando de uma perspectiva de objetivos de negócio.” – Priscilla Williams

Isso exige ter um líder em design que aprenda novas maneiras de realizar negócios, o que vai da utilização das palavras usadas aos processos empregados, a fim de transmitir o valor e o significado das soluções propostas. Dessa forma, eles podem se reunir a outros líderes na organização em que estão e desenvolver uma ponte de compreensão.

“Nós, como designers, precisamos entender como as empresas trabalham para melhor agregar valor a elas.” – Jaakko Tammela

Aprender novas terminologias e processos pode parecer assustador, além de todos os outros desafios de liderar em um momento de rápida transição. Felizmente, o aprimoramento profissional não é tão complexo quanto pode parecer a princípio.

“Os designers precisam falar a linguagem das empresas, mas isso não significa que eles precisem ter MBAs. Você só precisa demonstrar como o seu esforço se conecta ao valor dos negócios. Se você está apenas falando de negócios para eles, não está mostrando o valor do design.” – Peter Merholz

Liderando no meio de uma pandemia

Os gestores de design devem ajudar em casos de depressão em função da situação atual da pandemia? Esse é um momento difícil para os líderes em todos os setores e indústrias. Com a saúde mental em baixa devido aos efeitos da pandemia, muitos líderes não sabem como dar um bom apoio a seus funcionários.

“Você deve ser um bom ouvinte e analisar qual sistema de apoio pode lhes oferecer. Por exemplo, você pode dar a eles projetos diferentes.” – Priscilla Williams

Também é importante lembrar de não assumir responsabilidades que não possam ser gerenciadas pela liderança. Alguns problemas mais graves devem ser encaminhados a outras pessoas com conhecimentos especializados.

“Os gestores têm certa responsabilidade de abordar isso, mas a maioria deles não está preparada para lidar com preocupações reais de saúde mental e não deve assumir isso. Com relação a isso, é nesse momento que o RH pode oferecer recursos para ajudar. Se você tentar ajudar alguém que está sofrendo e não conseguir fazer isso bem, pode ser responsabilizado. Reconheça seus próprios limites e procure uma verdadeira ajuda profissional.” – Peter Merholz

Além disso, é importante entender que a liderança não é uma atividade solo; certifique-se de empregar o autocuidado e procurar apoio adicional quando necessário. Ser líder não significa assumir cada vez mais coisas. Trata-se de entender limites pessoais e saber quando pedir ajuda.

“Devemos estar focados no lado humano de nossa equipe, mas precisamos ter cuidado ao abordar essa questão. Alguns líderes ascendem muito rapidamente e não se sentem prontos, então sofrem com a síndrome do impostor. Devemos estar conscientes de nossos limites. Não tente levar o mundo nas costas sozinho, não é o que um bom líder faz.” – Jaakko Tammela

Mais informações

Para assistir à gravação completa, acesse aqui. Para obter informações sobre o curso Design Leadership, confira nosso site.

Megan Davis

Originalmente do Michigan, vive atualmente em Melborne, Megan se considera uma cidadã do mundo. Ela vem descobrindo histórias desde 2012, se especializando em estratégia de narrativas e storytelling para negócios que ousam criar novas realidades e futuros.
Ela viajou o mundo conduzindo oficinas em Nova York, Londres e Berlim, e mais recentemente em Lisboa na House of Beautiful Business em 2019 para ensinar pessoas como conectar com storytelling para entregar estratégias e resultados de negócio.
Colocando a empatia em primeiro lugar no negócios e na vida, ela ama compartilhar seu conhecimento ao falar, treinar e oferecer consultoria em projetos que estão mudando o mundo.