Como se adaptar e mudar quando se perde receita

Tem sido um desafio para todos. O surto coronavírus fez muitos de nós redundantes. Como negócios, ele fez com que algumas de nossas linhas de receita mais proeminentes parassem completamente ou se tornassem obsoletas. 

Li em algum lugar que estamos todos afundando no mesmo barco, mas alguns de nós possuem botes salva-vidas, e outros apenas coletes. O impacto da crise tem efeitos diferentes dependendo do seu contexto. Como pensar então sobre nossos próximos passos? Como fazer para ser resiliente e inovador nesse novo contexto de normalidade?

É sempre bom ter um nome para as mudanças econômicas que estamos vivendo. O Board of Innovation cunhou o termo ‘Economia de Baixo Toque’ (Low Touch Economy). 

Teremos provavelmente um tempo expandido vivendo com restrições, com limitações de encontros em espaços fechados, espaços públicos e viagens, além de novos padrões de higiene. Nossas comunidades estão desenvolvendo novas habilidades e comportamentos em respostas a esses novos padrões que vieram para ficar. Alguns talvez nunca queiram deixar de trabalhar remotamente, e outros talvez diminuam suas interações sociais mesmo se as restrições forem suspensas. Muitos de nós serão mais cautelosos quando se trata de interações físicas, mas nossas emoções e necessidades por conectividade continuam por aqui e tendem a ficar ainda mais fortes.

Na Economia de Baixo Toque, coisas que não podem ser 100% digitais serão livres de toque, e aquelas que podem, irão operar 100% digitalmente. Isso significa que seu produto que antes habitava um espaço próprio, agora provavelmente estará dentro da casa de seu usuário. 

Aqui estão algumas perguntas que podem ajudar você a inovar e se tornar resiliente:

  1. Qual parte ou aspecto do seu negócio ainda é relevante agora? Ou então, qual parte ou aspecto do seu negócio pode atender necessidades de seus clientes que você não percebia antes? 

Se sua receita foi profundamente afetada ou se você tem a possibilidade de testar novas coisas e explorar novos mercados, adapte-se e mude. Aqui na Austrália, nós temos visto algumas destilarias mudando suas linhas de produção e adaptando-as para produzir desinfetantes de mãos.

No Brasil, vimos um grupo de restaurantes que está usando sua operação para doar comida para pessoas vulneráveis. Ao invés de manter seu modelo de negócios com delivery, como todo mundo, eles decidiram trabalhar com uma longa linha de produção para fazer e entregar comida de qualidade para pessoas em vulnerabilidade (em situação de rua ou sem teto). O novo modelo de negócio é agora baseado em doações e com isso foram capazes de manter todos seus funcionários durante a crise, enquanto seu alcance e marca estão expandindo. Tenho certeza que eles irão retornar a um modelo de negócio diferente assim que a crise sair de seu pico. Mas mesmo assim, também estou certa de que eles terão alcançado uma legião de novos consumidores fiéis que começaram a doar para a causa e que, mais tarde, irão querer se manter engajados com suas marcas. Eles nomearam esse movimento de “cozinha de combate”, e acho que mostra generosidade, mas também criatividade em sobreviver à crise.

  1. Quais são as necessidades novas e emergentes que você tem observado de seus clientes/usuários e parceiros? As prioridades mudaram. Como você pode se adaptar a isso?

Muitas empresas tiveram que adaptar seu modelo de negócio para ficar online, criando novas experiências digitais. Eu adorei ver a nova experiência de clubes de música online como a Jingdong e a gravadora chinesa Taihe Music Group (link). Eles fizeram uma parceria com várias marcas internacionais de bebidas alcóolicas e organizaram uma transmissão ao vivo de DJs da TMG. Rémy Martin, Carlsberg e Pernod Ricard foram algumas das marcas de bebidas alcóolicas que participaram dessa experiência.

No Brasil, vimos uma resposta massiva da live do DJ ALOK atingindo 27 milhões de visualizações. Vocês já devem ter visto as luzes neon que estavam sendo projetadas da casa do DJ \0/!

Um outro exemplo de adaptação rápida veio da Accor. Você deve ter visto a nova proposta da Accor, o room-office, para hóspedes que precisam de um escritório particular para o dia. 

  1. Como você pode redesenhar a oferta de seu produto para entregar uma nova experiência ou valor para seus clientes, e também fazer seu negócio prosperar durante a pandemia? Repense a experiência de seu consumidor e redesenhe sua oferta.

Alguns negócios possuem diferentes problemas. Supermercados ao redor do mundo se viram com um aumento de vendas, acarretando em problemas que vão da distribuição à entrega. Eu particularmente gostei de como o Harris Farm na Austrália lidou com o problema, criando uma caixa “sem escolha” (onde você comprava uma lista de produtos pré-determinada) para entrega rápida de um dia para o outro. 

Agora, os pedidos online de delivery se normalizaram, mas quais são as novas necessidades de seus consumidores? Como você pode redesenhar sua oferta de serviço, e assim adaptar e sobreviver a crise?

A Amaro, uma marca de moda brasileira digital direta ao consumidor, sem a possibilidade de fazer sessões de foto regulares com modelos reais, criou uma modelo virtual para estrelar suas campanhas. O nome dela é Mara, uma “taurina, mãe de várias plantas e uma amante de cachorros”.

A marca disse que Mara se tornará uma modelo de longo prazo para a marca. Eles também abriram uma plataforma digital de e-commerce para outras marcas da indústria da moda venderem seus produtos, atuando como um ecossistema.

  1. Você ainda está fazendo negócios como se estivesse em 2019? 

A realidade mudou, e estamos vivendo o novo normal. Como você pode transformar seu produto existente em uma experiência digital? Empresas tendem a pensar sobre transformação digital como uma maneira de reduzir custos e escalar seus negócios, mas as expectativas dos usuários são bem diferentes. Uma experiência digital significa que seus usuários esperam acesso à sua oferta de produto a qualquer momento; também esperam um melhor custo-benefício e personalização. Ao se adaptar e mudar, qual produto digital você criará? Pense em sua proposta valor e em sua jornada de serviço de ponta a ponta.

Enquanto ainda estamos isolados em casa ou evitando aglomerações, é essencial pensar como acelerar ofertas digitais. Um redesenho rápido de produtos e ofertas digitais é sua maneira de continuar se mantendo relevante e resistindo à disrupção causada pelo vírus. 

O primeiro passo para o desenvolvimento de um produto digital é garantir que sua equipe tenha um sistema de trabalho e os métodos de inovação adequados. Lançamos um sprint para a criação de produtos digitais para ajudar as organizações a criar novos fluxos de receita. Entre em contato com o nosso time se precisar de ajuda!

 

Juliana Proserpio

Juliana Proserpio é empresária e educadora. Ela é a cofundadora e chefe de design da ECHOS, laboratório de inovação e suas unidades de negócios: Echos – Escola de Design Thinking – uma escola que coloca a inovação em prática, e Echos – projetos de inovação.
Nos últimos 10 anos, Juliana tem trabalhado para desenvolver um ecossistema de inovação na Austrália, Brasil e, recentemente, em Portugal para fomentar o poder do design para futuros desejáveis.
Ela tem mais de 10.000 horas trabalhando próximo aos clientes em design de facilitação, liderando uma ampla gama de projetos em setores como saúde, finanças, educação, varejo, notícias, tecnologia e bens de consumo.
Juliana fala sobre o poder do design para criar futuros desejáveis. Ela falou em eventos como o Global Innovation Summit em San Jose, Califórnia, TEDxMaua em São Paulo, Brasil, What Design Can Do e o Sydney Design Festival.