Uma cena bem comum em empresas, organizações e até na vida pessoal, são ideias e projetos que acabam sendo engavetados por parecerem complexos demais ou por caírem em uma profunda burocracia. A Google inventou um ótimo método de tirar ideias do papel e testá-las rapidamente e com foco no usuário: o Design Sprint.

Em termos de formato, o sprint possui um modelo original proposto pela Google de 5 dias em que algumas pessoas da organização, de diferentes áreas, se dedicam a encontrar uma solução para uma questão crítica da empresa (desafio), utilizando a visão do design, a prototipagem e, principalmente, o constante ato de testar ideias junto aos clientes.

Outra empresa que entende bem sobre projetos de inovação pelo design é a IDEO, uma das precursoras do Design Thinking. Após realizar um sprint para concretizar o Swell, um de seus projetos de impacto social, ela reuniu alguns dos profissionais envolvidos para levantarem as principais atitudes de um sprint de sucesso. Confira aqui os aprendizados apurados:

 

1-Baseie seu sprint em uma grande pergunta

Identifique hipóteses críticas para testar. Primeiro, decida sobre a grande questão que você quer responder. (Dica: esta pergunta é aquela que, quando respondida, permitirá que você faça o maior progresso.) Por exemplo, durante o projeto Swell, perguntamos: Quando se trata de investimento de impacto social, os usuários estão mais interessados em retornos ou impacto social?

Depois de obter sua grande pergunta, faça um brainstorming e desenhe diferentes soluções e, em seguida, selecione duas ou três boas ideias para prototipar. Protótipos são algo que as pessoas podem tocar, testar ou brincar. Colocar diferentes abordagens na frente dos usuários em uma única sessão é uma ótima maneira de avaliar o interesse em diferentes direções do produto.

Dica: limite o número de variáveis no seu protótipo para receber comentários específicos sobre sua grande questão. Projetando um produto digital? Comece projetando landing pages que expressem cada oferta de produto, ao invés de todo o fluxo de usuários. Testando dois conjuntos de recursos? Mantenha a marca igual e teste os diferentes recursos do produto, uns contra os outros.

2.Preencha a lacuna do “falar-fazer”

 

Use truques que forcem os usuários a tomarem decisões reais – não hipotéticas. O objetivo de qualquer novo produto é criar algo que as pessoas achem valioso e que estejam dispostas a pagar por outras opções no mercado. Mas, como designers, sabemos que muitas vezes o que os consumidores dizem que gostam é diferente do que eles realmente compram na realidade.

Uma maneira de preenchermos essa lacuna foi testar a demanda com potenciais consumidores da Swell: demos a eles dinheiro falso que eles poderiam “investir” em um ou outro produto. Foi uma ótima maneira de avaliar se o serviço tinha valor real no mercado.

Dica: Use o mesmo exercício de moeda para todos os seus protótipos de sprint, para que você possa ver como as atitudes evoluem com os ajustes do seu projeto. Por exemplo, dê a cada usuário US $ 500 em dólares do jogo banco imobiliário e veja onde eles investiriam seu dinheiro. Criando uma nova marca de calçados? Pergunte quais comprariam seu produto ou se prefeririam gastar o dinheiro em seus Nikes testados e comprovados. Este exercício é sobre a conversa que provoca mais do que os próprios pagamentos, então fique curioso!

3.Concentre seus recursos

 

Projete para uma experiência completa com um produto simples. Pergunte a si mesmo: qual é o menor conjunto de recursos que você pode projetar que ainda solucionará os problemas dos usuários? Com a versão mais simples do seu produto, obtenha feedback do usuário e adicione recursos. À medida que seus loops de sprint continuam, você pode passar de protótipos simples para direções robustas de produto. Com Swell, nos concentramos em criar uma página para cada interação do usuário (página de destino, inscrição e investimento). Isso significava que estávamos testando a funcionalidade da experiência completa do produto, de uma maneira simples.

Dica: priorize páginas de alto impacto que as pessoas visitam muito, como a página inicial ou o fluxo de inscrição. Dessa forma, você obtém o feedback mais detalhado sobre pontos críticos, sem gastar muito dinheiro os construindo.

4. Seja desapegado: construa apenas o suficiente para aprender

 

Escolha o formato que melhor expresse a ideia. É possível construir um protótipo digital em uma semana, mas lembre-se: você pode aprender muito com protótipos de papel! Tome uma decisão consciente sobre as áreas que você vai projetar em alta fidelidade (como telas) e outras em que um protótipo de papel fará a função.

Criamos uma combinação de protótipos digitais e de papel para o Swell. Os protótipos digitais foram reservados para proposição de valor e teste de fluxo do usuário, enquanto os protótipos de papel foram uma ótima maneira de testar o pensamento novo e emergente.

Dica: imagine que você está criando uma experiência para dispositivos móveis. Projetar um telefone em vez de um computador forçará a equipe a simplificar o envio de mensagens e os recursos para a menor expressão possível. Isso é algo que você pode desenvolver colocando um esboço de post-it em cima de seu smartphone.

5. Mantenha a equipe energizada

 

Se inspire no método de treinamento Tabata, um protocolo de treino físico que se concentra em 20 segundos de trabalho intenso, seguidos por 10 segundos de descanso.

Essa é uma ótima metáfora para a prototipagem de sprint: é intensa, e isso significa que o descanso é tão importante quanto as rajadas de criação. Faça questão de gerenciar a energia da equipe tendo dias de inatividade intencionais. Com a Swell, nos certificamos de manter nossa energia trabalhando em cafés, respirando em novos espaços quando precisávamos nos concentrar, e até mesmo indo a museus ou a aulas de ginástica para nos manter saudáveis ​​e inspirados.

Dica: quando você precisar de um gás, leve o projeto para a estrada. Tente um dia de viagem com várias paradas no qual a equipe se compromete a esboçar um recurso em cada ponto.  Projetar em novos contextos e em criações direcionadas significa que você se divertirá e será produtivo.

*As dicas foram baseadas em tradução livre da publicação da IDEO. Acesse aqui o conteúdo original.

Ricardo Ruffo

Ricardo Ruffo is a born entrepreneur, educator, speaker and explorer. As a writer by passion Ricardo daydreams on how the world is changing fast and how it could be.

Ruffo is the founder and global CEO of Echos, an independent innovation lab driven by design and its business units: School of Design Thinking, helping to shape the next generation of innovators in 3 countries, Echos – Innovation Projects and Echos – Ventures. As an entrepreneur, he has impacted more than 35.000 students worldwide and led innovation projects for Google, Abbott, Faber-Castell and many more.

Specialist in innovation and design thinking, with extensions in renowned schools like MIT and Berkeley in the United States. Also expert in Social Innovation at the School of Visual Arts and Design Thinking at HPI – dSchool, in Germany.

Naturally curious, love gets ideas flying off the paper. He always tries to see things from different angles to enact better futures. In his free time, spend exploring uninhabited places around the world surfing.