Falta de engajamento de funcionários. O problema da educação e moradia no Brasil. Soluções para o sistema de saúde. O que essas questões têm em comum, além de serem problemas de grande consenso que vemos por aí? É que eles não têm uma solução ou resposta simples para serem implementadas, pois tratam-se de problemas complexos.  Mas ao contrário do que pensamos, complexidade não é algo difícil. Mas para lidar com ela é preciso desenvolver um olhar crítico, holístico e não linear, o que vai contra à estruturas de aprendizados que tivemos durante toda a vida. Quem diz isso é nossa entrevistada de hoje: Káritas Ribas, filósofa, pesquisadora de complexidade, fundadora do Appana Território de Aprendizagem e professora do nosso curso Specialisation in Facilitation Design.

 Oi Káritas, tudo bem? Poderia nos contar um pouco sobre você?

Sou formada em filosofia, o que me deixa muito disponível para lidar com o tema complexidade, pois ainda vemos muito pouco em outras disciplinas esse olhar crítico e essa escuta na tentativa de entender outras áreas de aprendizagem.  Um dos grandes potencias da complexidade é esse diálogo transdisciplinar. É entender que dentro do meu contexto eu não tenho a resposta para tudo, eu preciso de outros olhares. E a filosofia tem essa curiosidade de tentar entender como acontece cada raciocínio, quais são suas bases, o que podemos derivar deste pensamento, que conceitos podemos articular. Depois disso, fiz um mestrado no Chile com Humberto Maturana, um dos principais expoentes do pensamento da complexidade. Fundei o Território Apana há 10 anos, e desde então trabalho com cursos voltados para dar conta da gestão da complexidade.

 O que é complexidade?

Para começo de conversa é preciso entender  que complexidade é um fenômeno natural, ou seja, está na natureza. O mundo é feito de interrelações, por exemplo, a floresta é um sistema complexo evoluído que dá conta de si, não depende de uma coisa só, mas de múltiplas relações.

Geralmente o que fazemos quando temos um problema é dar uma solução pontual achando que as coisas vão se resolver. Exemplo: tentar melhorar o clima organizacional dando um aumento de salário, resolver o problema da região da Cracolândia (região de São Paulo com problemas sociais) só tirando as pessoas que vivem lá.

Em vez de olhar a cadeia de conexões, a gente quer uma solução, uma intervenção que dê conta de toda uma situação que é interligada a muitas outras.

Quem geralmente procura os cursos sobre complexidade?

 Não tem um perfil específico. Muitas pessoas de organizações públicas e privadas, pois sempre são lugares com muita complexidade. Geralmente são gestores ou qualquer profissão que lida com pessoas, pois são fazeres complexos que necessitam fazer essa inclusão e criar uma diversidade.

Como a complexidade pode ajudar essas organizações?

Ao criar soluções mais sustentáveis. Nós estamos acostumados a dar respostas simples a questões complexas. A gente cria soluções para resolver problemas. Quando resolvemos problemas lineares, até temos soluções. Mas quando temos problemas complexos existem múltiplos fatores que influenciam. E problemas complexos  não têm uma solução, precisam ser resolvidos na chave da gestão.

 Por que atualmente as situações têm se tornado cada vez mais complexas?

Os métodos que a gente tem não tem dado conta do mundo. Mesmo se a pessoa ler todos os manuais de gestão, não será suficiente para ela ser uma boa gestora, pois a imprevisibilidade é algo cada vez mais presente. Estamos com um esgotamento de soluções simples, tendo que criar novas lentes. O olhar da complexidade é uma tentativa de testar novas formas para o que está acontecendo.

Ela tem sido considerada para resolver problemas de níveis sociais e governamentais?

Já temos várias iniciativas para tentar, mas ainda precisamos de um aprofundamento.

Por conta da educação que recebemos achamos que existe resposta certa ou errada para tudo.  Se fazemos uma prova e não respondemos a resposta certa, somos reprovados, e vamos com essa chave até a vida adulta. A gente vive na ilusão de que quando uma situação deu errado é que a gente deve ter feito algo errado, e isso não é verdade.

A complexidade é lidar com o presente e não ficar pensando: “eu deveria ter ido por esse caminho”, sempre planejando, mas sempre com o olhar de que “isto é o melhor que eu posso fazer com os recursos que tenho”.

As pessoas acham muito lindo, mas não temos muito campo de experimentação e na hora de colocar em prática, isso falha.

Quais são os passos possíveis para vencer essas dificuldades?

Primeiramente criar repertório: ler, fazer curso e praticar para que esse aprendizado não seja só teórico. A questão é como operacionalizar esse conhecimento na vida. Então nossa proposta é criar ambientes seguros para que a gente possa discutir problemas complexos e testá-los na vida pessoal e profissional.

Aqui no Appana  a gente propõe a partir de projetos pessoais que esses projetos sejam geridos a partir da ferramenta de complexidade ou sobre a complexidade.

Em seguida é o momento de colocar em prática, com uma tutoria. Esse acompanhamento é super importante para quem esta começando.

Como a complexidade se relaciona com o Design Thinking?

O design thinking também é uma abordagem usada para pensar a complexidade. O curso de complexidade pode ser uma maneira de potencializar essa mudança de mindset, já que muitas vezes as pessoas passam pelo curso de design thiking mas não conseguem implementar na prática.

Quer se tornar um especialista em complexidade? Alunos da Echos têm 15% de desconto no curso Ontologia da Linguagem, do Appana Território de Linguagem.

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Ricardo Ruffo

Ricardo Ruffo is a born entrepreneur, educator, speaker and explorer. As a writer by passion Ricardo daydreams on how the world is changing fast and how it could be.

Ruffo is the founder and global CEO of Echos, an independent innovation lab driven by design and its business units: School of Design Thinking, helping to shape the next generation of innovators in 3 countries, Echos – Innovation Projects and Echos – Ventures. As an entrepreneur, he has impacted more than 35.000 students worldwide and led innovation projects for Google, Abbott, Faber-Castell and many more.

Specialist in innovation and design thinking, with extensions in renowned schools like MIT and Berkeley in the United States. Also expert in Social Innovation at the School of Visual Arts and Design Thinking at HPI – dSchool, in Germany.

Naturally curious, love gets ideas flying off the paper. He always tries to see things from different angles to enact better futures. In his free time, spend exploring uninhabited places around the world surfing.