Você provavelmente já está por dentro do maior objetivo do Design Thinking: resolver problemas complexos focado no ser humano. Muitas empresas tem adotado e comprovado sua eficácia, mas o que muitos não sabem é que ele pode ser usado para ser aplicado em nossas vidas pessoais e em nossas carreiras.
Os professores Bill Burnett e Dave Evans, da universidade de Stanford, há mais de uma década ministram o curso Designing Your Life (Desenhando sua vida, em uma tradução literal).
A partir dessa experiência, decidiram compartilhar para o mundo o cientificamente comprovado movimento Design para a Vida baseado no design thinking com o novo livro Designing your Life. Os 5 modelos mentais presentes no livro e apresentados abaixo irão ajudar você a começar da sua própria maneira de construir uma vida bem-vivida e feliz. Aproveite a virada de ano pra testar as dicas dos especialistas:
As dicas a seguir, publicadas originalmente aqui em inglês, são de autoria de Bill Burnett
1. Curiosidade – Seja curioso:
Você se lembra da alegria de, quando criança, poder brincar e explorar o mundo? Você ainda pode fazê-lo como um adulto! O Design para a Vida ensina a você como fazer as conexões entre fatos que você normalmente não faria, mostrando novos e inovadores caminhos que valem a pena serem testados.
Quebre as regras.
Coma algo novo.
As melhores decisões são tomadas quando se tem várias opções, portanto, não se limite ao que é normal/confortável/mediano. A filosofia de quantidade em relação à qualidade das ideias é importante. A melhor solução nem sempre é óbvia.
O inimigo da curiosidade é o julgamento. Bons designers e pensadores sabem que as melhores ideias vêm de lugares seguros, onde todos os pensamentos podem reverberar livremente. As ideias mais loucas podem não se tornar as vencedoras, mas, definitivamente sem elas, você não será capaz de partir do óbvio para algo realmente inovador.
Desafio: Curiosidade é um convite para a exploração. Torne tudo uma grande brincadeira. Faça algo que nunca fez antes que o dia termine. Leia sobre histórias da sua vizinhança ou, melhor, pergunte sobre elas àquele tradicional comerciante da esquina. Aprenda mais sobre o seu hobby preferido. Curiosidade é contagiante. Espalhe-a.
2. Estar disposto a agir – Tente coisas:
Agora que você explorou algumas das coisas sobre as quais tem curiosidade, comece a testá-las. Designers simplesmente não leem sobre possíveis soluções de design para um produto, eles as constroem e as prototipam.
No movimento Design para a Vida, propomos a mesma coisa. O pensamento apenas leva você até certo ponto. Quando se está disposto a agir, você se torna comprometido em construir seu próprio caminho. O fracasso faz parte do design e constantemente leva a grandes resultados. A sua vida não é diferente. Cada protótipo é um passo na direção de uma vida mais feliz.
Você pode prototipar a sua vida por meio de uma conversa, experiência ou brainstorm. Você pode gastar uma hora, um dia ou alguns meses em qualquer protótipo. Não há regras na criatividade a não ser continuar explorando.
Desafio: Escreva três coisas que você deseja fazer, mas que ainda não encontrou tempo, habilidade ou dinheiro para realizar ainda. Não se preocupe em ter que dominar nada novo, apenas comece a explorar o que o seu desejo significa para você. Entreviste alguém que possua seu “emprego dos sonhos”, vá fazer uma aula de artes, assista a um show de improviso. Melhor ainda, convide a se juntar nessa jornada alguém que antes você teria vergonha ou medo.
3. Reformulando – Reformule os problemas:
Cada um de nós possuímos pensamentos obscuros que nos impedem de ganhar confiança. Essas são as nossas Crenças Disfuncionais. Nós conseguimos nos afastar desse tipo de pensamento reformulando-os. Reformular é como os designers destravam o pensamento.
Quando você reformula um problema, tem-se certeza que se está trabalhando no problema certo. No Design para a Vida, são apresentados 12 conceitos-chave reformuladores que permitem a reflexão para que você possa avaliar seus viéses e se abrir para novas soluções.
A não ser que o desafio seja algo fisicamente instransponível, a única coisa que pode te impedir de se tornar melhor é a sua mente. Fuja do modo de lamentação. Essa é a forma mais fácil de continuar nele. Construa seu próprio caminho até a solução. Não se preocupe em ter todas as respostas porque você começará a tê-las quando for prototipar.
Desafio: Escreva de 2 a 3 pensamentos/ideias que você acredita que estejam limitando seu potencial. Pode ser: “não tenho dinheiro para tal coisa”, “não tenho tal habilidade para realizar tal tarefa”, etc. Amasse todos esses pensamentos e os jogue pela descarga. Eles podem ou não estar relacionados aos 12 conceitos para reformular sua vida apresentados no livro, mas de qualquer forma eles não lhe farão bem, razão pela qual você precisa se livrar deles.
4. Consciência – conheça o processo:
Design para a Vida é uma jornada. Parte do pensar como um designer e estar consciente do processo. O processo esse que é confuso, bobo, emocional e imprevisível. Você precisa se libertar do resultado final para estar aberto às soluções. Constantemente, não começamos algo porque não temos consciência de todo o processo. É normal. Lembre-se de estar disposto a agir. Veja novamente como você pode reformular suas crenças:
Crença disfuncional: “Preciso descobrir de antemão qual seria a vida perfeita, fazer planos e então executá-los?”
Sempre somos questionados sobre nossos “planos”. Francamente, eles não são do interesse de ninguém a não ser do seu. A sua comunidade, conhecida como time de designers (mais sobre isso abaixo), sabe que essa ideia de plano perfeito não existe.
Reformule: “Existem ótimas possibilidades de vida (e de planos) para mim e posso escolher quais delas fazem sentido para o que eu quero ser amanhã”.
Desafio: Escreva três coisas que você ainda gostaria de ser quando crescer e três coisas que você gostaria de mais ter na sua vida. Você se lembra do quanto acreditava como todas essas coisas seriam possíveis quando era criança? Elas continuam sendo possíveis mesmo você sendo adulto. Cada protótipo é um passo no processo de construir uma vida bem vivida e feliz.
5. Colaboração radical – peça ajuda:
Essa talvez seja a mais importante do modelo mental do design thinking proposto pelo movimento Design sua Vida. Os melhores designers sabem que criar valor a partir do design depende de extrema colaboração. Você não está (e não deveria estar) sozinho.
Um artista pode criar uma obra de arte enclausurado em uma cabana na floresta, mas um designer não consegue criar a próxima mudança de comportamento estrutural e global sozinho. Muitas das melhores ideias virão de outras pessoas, basta você interagir com elas. Essencialmente, uma vida a partir do design, assim como o design como um todo, é um esporte coletivo.
Crença Disfuncional: É a minha vida, preciso projetá-la por mim mesmo.
Alguma vez a voz dentro da sua cabeça já lhe disse “você não é capaz de fazer isso” ou “você não poderia ser igual a eles”? Quando vemos as conquistas dos outros, temos a tendência a pensar que foi um feito solitário. Os humanos veem as ideias óbvias primeiro. A verdade é que essa pessoa não chegou lá sozinha, foi um processo, assim como será para você. Todos nós precisamos de ajuda. Aliás seria insalutar pensar de outra forma.
Reformule: Você vive e projeta a sua vida em colaboração com outros.
Quando mais cedo você criar um time de designers, isto é, pessoas que poderão ser seu suporte na vida, melhor. Engaje as pessoas que você ama e admira para trabalharem juntas com objetivo de melhorar individualmente a vida das pessoas, assim como a vida delas em comunidade.
Essa é uma das diferenças fundamentais no modelo mental proposto pelo design thinking em relação a outras metodologias de “coaching” ou de estratégia. A comunidade.
Uma ótima dica para que você compreenda como o processo de design thinking funciona e possa aplicá-lo efetivamente no seu dia-a-dia, é nosso ebook Design Thinking na Prática. E o melhor é que você pode baixá-lo gratuitamente aqui.