De 22 de maio a 20 de setembro, passei 176h me especializando em Design Thinking. Orgulhosamente, já posso me intitular uma Design Thinker.
Mas receber esse título não foi fácil não. Ser Design Thinker não é mais um blábláblá ou groselha para preencher linhas do currículo.
É resultado de muito suor, reflexão, desconforto, dedicação, introspecção, “fazeção” e empatia.
[Semana final de entrega de projeto e ficamos até as 23h finalizando a apresentação…]
E é aí que mora – acredito eu – a grande diferença entre ser especialista e apenas saber como funciona o processo ou como aplicar as ferramentas do DT.
Ao longo de 4 meses, mergulhei em uma jornada de conteúdo e prática no assunto, que me expandiu os horizontes de conhecimento sobre inovação, sobre trabalho colaborativo, sobre visões de mundo, sobre empatia e sobre mim mesma.
Dessa jornada, destaco os principais aprendizados:
1- Abra a cabeça para as diferentes formas de aprender e ver o mundo
Para inovar usando o design thinking, é preciso estar aberto a enxergar o mundo de diferentes maneiras. É por isso que tivemos aulas que variaram entre conteúdos de etnografia, metadesign, pensamento sistêmico, música circular, laboratório de design, biomimética, apresentação pessoal e mais inúmeras. Com esse repertório, potencializei o entendimento sobre como se dão as relações entre as pessoas, entre nós e a natureza, entre os diferentes recortes sociais, entre os nossos sentidos e sobre nossa imagem perante outro.
[Uma das minhas aulas favoritas, a de música circular compreendi mais sobre dinâmica de colaboração, liderança e harmonia de equipes.]
2- Construir coletivamente dói, mas rende frutos
Não é nada fácil conseguir criar um ambiente seguro e inclusivo em uma sessão colaborativa. É importante silenciar as vozes internas, praticar a escuta ativa, e estimular as conversas generativas. Nada disso é corriqueiro, mas com prática é possível. O resultado é o que faz valer a pena: pluralidade de pensamentos e visões que desencadeiam novas formas de resolver o problema.
[50% do nosso tempo em aula era voltado para discutir e criar colaborativamente.]
3- Desapegar é preciso
Depois de criar o ambiente propício para colaboração, se prepare! Enxurrada de post it. Navegar nesse caos é importante para expandir o potencial criativo, mas eventualmente, será necessário afunilar as opções e convergir. E na imensidão de contribuições, praticar o poder da síntese é um requisito necessário para se manter produtivo. Desapegue do que não atende a dor ou necessidade das pessoas e exercite a capacidade de combinar ideias ou conceitos.
[Quando o brainstorm rende mil ideias é preciso convergir e desapegar de coisas para seguir em frente .]
4- As empresas veem valor no Design Thinking
Prova disso é que turma após turma, sempre tem empresa trazendo seus desafios para a turma de especialização ajudar a resolver. No meu caso, recebemos o briefing do nosso projeto final de uma grande empresa do mercado de alimentos. Outra parte da turma, recebeu o desafio de uma importante instituição voltada à educação. Melhor indicativo que esse não há para nos assegurar que é um conhecimento valorizado e que as horas dedicadas nos projetos poderiam fazer a diferença real no mercado.
[Metade da turma que recebeu o desafio de expandir uma das marcas da empresa para além da categoria que ela estava inserida.]
4- “Fazer para aprender” e “compartilhar para evoluir” é o segredo para agilizar os projetos
Aprendi que pensar e tangibilizar ao mesmo tempo o que está sendo criado é um recurso ótimo para descobrir o que é mais importante na ideia ou conceito. Quando sou forçada a fazer a minha ideia através de um protótipo, uma encenação ou um cartaz, refino e priorizo meu conteúdo para quem vai avaliar. E ao ouvir de volta os comentários, entendo em quais pontos a tangibilização precisa de melhorias, em quais pontos ela foi bem sucedida e como seguir dali em diante para a próxima etapa. Rápido e barato, valido e desvalido minhas descobertas em minutos.
[Momento em que estávamos prototipando nossa ideia através de encenação.]
5- Mantenha seu cérebro exercitado
Criatividade não é um dom divino. É resultado de muita musculação do cérebro. Se colocar em situações de improviso, de descontração, de humor, de desconforto, de novas percepções, é vital para colher bons frutos em etapas do processo que exigem expansão de conceitos e ideias. Existem inúmeras formas de esquentar o cérebro para uma reunião ou para uma sessão criativa. Nós praticamos ao longo de cada aula um pouco delas.
[Exercício de desenhar o colega sem olhar para folha e sem tirar a caneta do papel, brain twister.]
6- Levante da mesa e converse com as pessoas
Não adianta dizer que faz design thinking se você não sai para rua para observar, conversar e sentir como a pessoa para quem você está criando. O princípio básico do processo é sair dos muros levantados pelas percepções e preconceito e achar o ser humano real que existe por trás do seu cliente ou parceiro. E isso só é possível de ser feito se for vivenciando ou observando a realidade dessa pessoa.
[Visita a um abrigo municipal durante o projeto voltado a melhoria do trabalho de voluntário que prestam assistência à moradores de rua.]
7- Aprenda sobre você mesmo
A beleza do Design Thinking é permitir receber visões do mundo e construir conhecimento livre de preconceitos e esteriótipos. Ao praticar inúmeras e inúmeras vezes, a gente vai ganhando mais e mais empatia pelo diferente e vai entendendo onde podemos evoluir como pessoa e profissional. Em 4 meses, percebi uma melhora significativa em participar mais propositivamente nas seções criativas, em saber entrevistar e extrair o melhor dos relatos, em trabalhar em equipe, em acolher o diferente e outras várias pequenas vitórias.
[Nossa turma reunida e entregue ao desafio de “vida de brinquedo”.]
De toda essa vivência, fica o orgulho e a sensação de ter aproveitado ao máximo o conteúdo e as pessoas que tive contato ao longo desses meses.
A saudade já está batendo!
Que bonito o que foi construído junto e que prazer pelo que está por vir, agora como especialista.