Sabemos que brincar e jogar são hábitos essenciais para o desenvolvimento do cérebro das crianças.

O que eu ainda não tinha percebido é que eles também são fundamentais para o nosso desenvolvimento enquanto adultos e que os humanos devem continuar brincando e jogando por toda a vida.

Na semana passada, tive o prazer de assistir a dois dos maiores atuantes no mundo no campo do play (que ingIes significa tanto brincar como  jogar: o Dr. Stuart Brown e Brendan Boyle, em um curso dedicado ao assunto.

Ok, aqui vem a história, mas antes disso, deixe-me tentar explicar porque diabos eu investi três dias da minha vida neste assunto.

O “play” é conhecido no mundo do design e da inovação porque nos ajuda a ser mais criativos, a diminuir nossos preconceitos e a estar abertos à experimentação.
Ninguém está 100% confiante em uma nova ideia, por isso, ao criar novas soluções e novas formas de fazer negócios, precisamos nos abrir para a brincadeira para que a criatividade e a inovação fluam.

BOOM!

Tudo começou aqui. O play foi estudado cientificamente pelo Dr. Stuart Brown, que é um psiquiatra. Inicialmente, estudar a ação de brincar e jogar não era seu objetivo principal; isso mudou quando ele percebeu o que a “falta de brincadeira” fazia com a vida de alguém, o que o fez perceber como o “brincar/jogar” é essencial para o desenvolvimento de um ser humano.

Em 1966, o governador Connelly solicitou ao Dr. Stuart Brown que atuasse na Força-Tarefa de Pesquisa de Fatos como psiquiatra consultor do caso Charles J. Whitman Texas Tower. Esse caso envolveu Charles Whitman, que matou sua esposa e mãe e depois escalou a Torre do Texas onde matou outras 17 pessoas e feriu 41. O Dr. Brown descobriu que o pai de Charles Whitman era autoritário e privou Charles de brincadeiras durante sua infância.

Redescobrindo a brincadeira e jogo na Idade Adulta

Foi como resultado deste estudo que ele analisou jovens assassinos do sexo masculino e passou a descobrir a importância do brincar e jogar.

Através de sua pesquisa contínua e entrevistas com 8.000 pessoas sobre os seus “perfis brincantes”, Brown concluiu que as pessoas que costumam bricar e jogar geralmente eram bem-sucedidas, e as pessoas que foram privadas da brincadeira tinham consequências perigosas a longo prazo

(Fonte: https://www.pgpedia.com/b/stuart-brown)

PRIVAÇÃO DO BRINCAR/JOGAR

Dr Stuart Brown acredita que a privação do brincar e do jogar pode ter consequências tão sérias quanto a privação do sono.

“Uma análise detalhada da biologia e da neurociência do brincar e do jogar revela que isto é um aspecto fundamental da sobrevivência de todos os mamíferos sociais, com consequências negativas mensuráveis ​​em ambientes de laboratório controlados que limitam ou desencorajam o comportamento de brincadeira em animais. As ligações entre as descobertas no comportamento dos animais e os achados clínicos em humanos ainda não foram comprovados.

 

No entanto, a fisiologia e a anatomia subcorticais ente eles são semelhantes, e a incapacidade de brincar impede animais de controlarem a agressividade e se socializar confortavelmente com colegas membros da matilha é demonstrável. A remediação desses déficits de socialização nos animais pela inclusão do jogo e da brincadeira em formas adequadas ao desenvolvimento, revela a eficácia do brincar como um meio de alcançar mais normalidade social e alternativas não violentas nos domínios lúdicos dos mamíferos sociais.

(Fonte: http://www.nifplay.org/blog/play-deprivation-a-leading-indicator-for-mass-murder/)

A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR E JOGAR

O que a bricadeira e os jogos significam para você? O prazer de brincar e jogar é infinito; você consegue imaginar uma vida sem isto?

Eles oferecem benefícios como construção de confiança, empatia, otimismo, flexibilidade, abertura, foco no presente, perseverança, equilíbrio emocional e resiliência, explorando o possível desenvolvimento cognitivo e desenvolvendo um senso de pertencimento.

O Dr. Stuart Brown menciona em seu livro: “Quando paramos de brincar/jogar, paramos de nos desenvolver, e quando isso acontece, as leis do caos assumem o controle – as coisas desmoronam”.

O engraçado é pensar no contrário. Como diz Dara Simkin, fundadora da Project Play e organizadora do evento: “Você gostaria que seu negócio ou sua vida se baseasse em descrença, apatia, negatividade, rigidez, miséria e fraqueza? (O oposto de brincar)”. Se sua resposta foi “não”, você provavelmente pode se beneficiar ao introduzir o brincar e jogar ao seu contexto.

Nos negócios, muitas vezes tendemos a censurar  play porque achamos uma bobagem ou desperdício de tempo, no entanto, quando não o exercemos , também podemos estar perdendo todos os fatores que contribuem para a criatividade e a inovação.

Na vida e nos negócios, “quando paramos de brincar e jogar, começamos a morrer” – Dr. Stuart Brown em seu livro “PLAY”.

Entendi, brincar e jogar são importantes. Mas COMO PODEMOS TRAZÊ-LOS PARA OS NEGÓCIOS?

Empresas de diferentes tipos terão diferentes perfis de brincadeiras e jogos.

Uma excelente maneira de começar a incluí-los é pensar no espaço da sua empresa. “O espaço é a linguagem corporal de uma empresa”, disse Brendan Boyle, sócio da Ideo, professor da D.School e co-anfitrião do um curso “PLAY” em Stanford com o Dr. Stuart Brown.

Brincar/jogar é uma necessidade para a criatividade; e alimento para a inovação. As empresas também podem sofrer com a sua privação  e, embora ainda não haja pesquisas científicas para comprovar os efeitos, sabemos muito bem as consequências: as empresas, muitas vezes, são profundamente hierárquicas, processuais, monótonas e estáticas. Você provavelmente sabe imediatamente se você foi privado de “brincar” em sua prática profissional.

Boyle diz que a melhor maneira de começar a brincadeira é através dos valores e práticas da empresa. É sobre mudar a cultura de negócios.

Se você também é do mundo da inovação ou do design, você está mais acostumado com a atmosfera de play. Se você não é, “brincar/jogar” pode ser muito assustador. Em nossas oficinas de design thinking, às vezes vejo alguns rostos horrorizados quando iniciamos um exercício criativo (e divertido).

No início, parece bobo, porque você tem que se tornar vulnerável, mas depois de um tempo, os que estão mais preocupados são aqueles que estão se abraçando e se divertindo mais.

A mágica acontece quando as pessoas começam a se abrir, a ser mais empáticas, mais experimentais e, então, começam a criar soluções incríveis. O que eu sei agora é que o que soa como mágica é a evidência de “brincar/jogar”.

A brincadeira e o jogo são ativadores de estados de flow,  que acabam sendo momentos  muito produtivos e focados, o oposto do que você normalmente pensa sobre o assunto.

VAMOS À PRÁTICA

Aqui estão algumas lições de Brendan Boyle sobre a construção de uma cultura de inovação (através da brincadeira/jogo):

Aprenda com os erros

“Falhar rápido para ter sucesso mais cedo” é um mantra da Ideo. Você também precisa ir fundo nas falhas para que você possa melhorar sempre. Outra dica é recorrer ao feedback: em nossos cursos, sempre terminamos com uma sessão do tipo “Eu gostei de.. e gostaria que…”, onde aprendemos com nossos participantes o que funcionou e o que poderia ser melhor (aprendemos esse método na D.School).

Fale menos e faça mais

Não pense demais, comece a fazer. Pensar pode acontecer em todo o seu corpo, não apenas em seu cérebro, então, fazer protótipos e fazer coisas é útil. Um protótipo também pode criar engajamento, o que é crucial ao criar mudanças.

Colaborar

Peça, co-crie e participe. Certifique-se de que você também está fazendo os outros se sentirem bem-sucedidos.

Seja otimista

Há uma grande diferença em ser infantil e ser como uma criança. Ser otimista e brincalhão não significa não ter seriedade.

NÓS NÃO BRINCAMOS E JOGAMOS DA MESMA MANEIRA

 É útil entender o seu jeito de brincar e jogar e o jeito da sua empresa. Nós não brincamos/jogamos todos da mesma maneira. Então, se você está procurando criar uma cultura mais divertida e inovadora, leia o livro Play de Dr. Brown.

Resumindo, o play está profundamente ligado à prática do Design Thinking, como ilustrado por Boyle. Assim como uma sessão de brincadeiras e jogos, o Design Thinking é capaz de liberar o melhor potencial criativo de uma equipe, abrindo espaço para experimentação e perseverança. Enquanto traz diversão para o trabalho, gera resultados incríveis para as empresas.

P.S : Eu gostaria de agradecer a fantástica equipe que organizou este evento que, como eu, são criaturas lúdicas: Dara Simkin e Daniel Teitelbaum do Projeto Play, Fiona Triaca do Naked ambition, e Myles Tehan do Hack Days Australia – obrigado!

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Se você deseja iniciar uma jornada de inovação em sua empresa, pode conferir nossa oferta de cursos e baixar gratuitamente nosso kit de ferramentas Design Thinking clicando aqui.

Se você gostaria de ver quais são os próximos cursos em sua região, visite nosso website.

Juliana Proserpio

Juliana Proserpio é empresária e educadora. Ela é a cofundadora e chefe de design da ECHOS, laboratório de inovação e suas unidades de negócios: Echos – Escola de Design Thinking – uma escola que coloca a inovação em prática, e Echos – projetos de inovação.
Nos últimos 10 anos, Juliana tem trabalhado para desenvolver um ecossistema de inovação na Austrália, Brasil e, recentemente, em Portugal para fomentar o poder do design para futuros desejáveis.
Ela tem mais de 10.000 horas trabalhando próximo aos clientes em design de facilitação, liderando uma ampla gama de projetos em setores como saúde, finanças, educação, varejo, notícias, tecnologia e bens de consumo.
Juliana fala sobre o poder do design para criar futuros desejáveis. Ela falou em eventos como o Global Innovation Summit em San Jose, Califórnia, TEDxMaua em São Paulo, Brasil, What Design Can Do e o Sydney Design Festival.