A Copa do Mundo já chegou na sua fase final. Além de toda animação proporcionada pelos jogos e clima de comemoração pelo país, o famoso bolão agitou os grupos de amigos. Já reparou que muitas vezes, quem mais entende de futebol é quem menos acerta? Você consegue adivinhar o porquê? Por mais louco que possa parecer, vamos te dizer: um bolão carrega um elemento forte da inovação: a incerteza.

Em ambos os casos, não é apenas olhando para trás, para o passado, que você consegue acertar o futuro.

No olhar do design thinking, se ficarmos presos ao passado e às soluções que já existem, nunca alcançaremos soluções inovadoras. E este é um erro que comumente cometemos nas empresas, governos e na vida em geral quando tentamos resolver um problema complexo: olhamos o passado, replicando aquelas experiências e soluções que já existem. Temos dificuldade de estar no presente e deixar um futuro novo emergir.

E no futebol não é diferente. Quem faz suas apostas baseadas apenas no último campeonato ou nos grandes times, acaba tendo belas surpresas. Como por exemplo a Alemanha, campeã da última copa e protagonista do nosso doloroso 7X1. Este ano, o país não passou nem para a segunda fase, perdendo para a Coréia do Sul, tida como a seleção mais fraca do seu grupo.

O futebol é o único esporte onde não necessariamente o melhor sai vencedor, e assim como a inovação, não é uma ciência exata. Não existe uma receita de bolo e há diversos fatores subjetivos que influenciam como a intuição e a intenção.

É por isso que tem mais chances de ganhar um bolão aquele que ousa, que não se prende ao passado e aposta em algo baseado em intuição, um fator extremamente subjetivo, mas completamente pertinente quando falamos em inovação e design.

Para exemplificar melhor, vamos falar sobre algumas teorias do futurismo, um pensamento artístico e cultural também muito utilizado na inovação:

Cone do Futuro

Este é o cone do futuro. O presente é a linha de início. O que está mais próximo ao centro, é o que provavelmente vai acontecer. O que está entre o centro e os limites menores é o plausível, ou seja, é possível mas precisa de algumas mudanças para acontecer. E o que está próximo à abertura mais larga, é um lugar possível de chegar, mas que precisa abstrair muito para chegar lá.

Era possível prever o 7X1 em 2014?
Dentro da teoria do funil, existe o fator coringa: algo inesperado que pode acontecer dentro das possibilidades de futuro. Os ataques de 11 de setembro nos EUA, por exemplo é um fator coringa, que embora inesperado haviam os sinais fracos que indicavam que um ataque como esse poderia acontecer.
Sinais fraco dentro do futurismo são coisas que não são captadas pelo consciente, mas estão fortemente presentes na nossa intuição. Ou seja, coisas que muitas vezes estão na nossa cara, mas não nos damos conta no momento Elas causam um incômodo, uma sensação de estranhamento, que não sabemos se é bom ou ruim. São esses sinais que nos indicam as novas tecnologias e inovações que vão emergir na sociedade, como o celular, o ipad, etc.
Ou simplesmente, que um fato como o 7X1 da Alemanha vai acontecer

Quer dizer então que era possível prever o 7×1? Sim, havia sinais fracos naquela situação que poderiam prever um descontrole emocional que causou um apagão na seleção. Exemplo: o descontrole emocional do nosso capitão na disputa por pênaltis contra o Chile nas oitavas de final, a Neymar-dependência do time durante toda a etapa de preparação, o futebol nada convincente apresentado durante a Copa até então…

E se fosse possível interferir no resultado de um bolão? No Design você pode construir um futuro desejável ao invés de apenas prevê-lo.

Para explicar melhor, vamos falar sobre a metodologia que utilizamos quando pensamos em futuro, o Design de Futuros Desejáveis. Ela parte do princípio de que nós, seres humanos, somos os designers de nossas vidas, e portanto, podemos projetar o futuro que queremos para a sociedade.
A metodologia possui três passos principais: olhar para as necessidades humanas (presente e passado), projetar uma intenção colaborativamente e utilizar as novas tecnologias como aliadas neste processo.

O uso do Design Thinking e sua metodologia de pesquisa empática é muito utilizada na primeira etapa. Após um olhar profundo sobre o tema e toda a análise de dados, parte-se para o passo da intenção, que é construída por um grupo de pessoas até atingir preceitos e objetivos comuns muito claros.

Depois, é hora de olhar para as novas tecnologias como aliada por meio dos sinais fracos que falamos anteriormente. Nesta etapa são feitas pesquisas das ferramentas novas que estão surgindo e de como isso pode ajudar no projeto.

Ao redor do mundo já temos vários exemplos de sucesso do uso do design na construção do futuro desejável, desde empresas como a Tesla, IBM, Microsoft, até governos como o Singapura que utilizou o design para redesenhar seus serviços públicos e a Coréia do Sul, que está projetando uma “cidade do futuro”, com apelos sustentáveis, sociais e tecnológicos.

Design Fiction

Uma das disciplinas que o design utiliza para construir futuros desejáveis é o Design Fiction, uma intersecção de design e ficção científica. Por meio dele utilizamos a ficção para a visualização de um futuro desejável através de uma narrativa que pode ser um vídeo, um filme, um roteiro ou uma série de objetos. É uma maneira de tangibilizar ideias e poder trabalhar melhor com elas.

Bolão do futuro:

Faça uma aposta do que pode ser uma realidade em 2 anos. Pode ser na política, futebol, cultura, o que for. Vamos registrar as apostas e abrir essa cápsula no futuro! Daqui a dois anos, resgataremos esse post e veremos quem acertou o bolão!

Ricardo Ruffo

Ricardo Ruffo is a born entrepreneur, educator, speaker and explorer. As a writer by passion Ricardo daydreams on how the world is changing fast and how it could be.

Ruffo is the founder and global CEO of Echos, an independent innovation lab driven by design and its business units: School of Design Thinking, helping to shape the next generation of innovators in 3 countries, Echos – Innovation Projects and Echos – Ventures. As an entrepreneur, he has impacted more than 35.000 students worldwide and led innovation projects for Google, Abbott, Faber-Castell and many more.

Specialist in innovation and design thinking, with extensions in renowned schools like MIT and Berkeley in the United States. Also expert in Social Innovation at the School of Visual Arts and Design Thinking at HPI – dSchool, in Germany.

Naturally curious, love gets ideas flying off the paper. He always tries to see things from different angles to enact better futures. In his free time, spend exploring uninhabited places around the world surfing.