Insecta Shoes nasceu de uma parceria entre Bárbara Mattivy e Pamella Magpali. Nasceu também da experiência da Barbara como proprietária de um brechó online, o Urban Vintagers e da Pamella como dona de uma marca de sapatos artesanais, a MAG-P Shoes. Dessa fusão, as duas começaram a aproveitar materiais e tecidos de brechós e criaram uma linha de sapatos que além de realizar o reaproveitamento dos insumos, não utiliza nenhuma matéria prima de origem animal – o solado, por exemplo, pode ser feito tanto de borracha triturada quanto de laminado vegetal.post_insecta_capa

Peças produzidas artesanalmente com materiais atóxicos, veganos e reaproveitados (upcycicling)

Segundo nos contou Barbara, a Insecta é movida pela vontade de devolver diretamente ao planeta, ajudando socialmente alguém ou o meio ambiente. Afinal, “o papel do empreendedor não é só enxergar o lucro”.

Por que o pensamento sistêmico é importante para o sucesso de um negócio

Estamos caminhando para uma mudança de paradigma no mundo, em especial no mundo dos negócios. Se até o século 20 a função principal de uma empresa era gerar lucro, já no início do século 21 vemos a emergência de discurso e de práticas desconstruindo essa premissa.

Hoje, a sociedade espera de qualquer organização muito mais do que apenas a entrega de um produto ou serviço. Empresas precisam cada vez mais agir de maneira sistêmica em relação ao seu negócio, sabendo gerar benefícios não apenas para si e para o seu cliente, como também para os outros atores envolvidos.

Também precisam saber qual o seu papel e o tamanho do seu impacto no ecossistema.

A Insecta Shoes é um exemplo desse novo paradigma: um negócio que quer transformar, aliando lucratividade e sustabilidade,  o mercado da moda, que atualmente conta com uma cadeia produtiva bastante complexa (são mais de 100 etapas até que um produto chegue ao consumidor final), altamente poluidora (é considerada a 2ª indústria com impacto socioambiental) e com escândalos de trabalho escravo recorrentes.

Para que essa mudança de fato aconteça, as fundadoras da Insecta Shoes foram além de apenas criar uma linha de calçados ecologicamente corretos e estão aplicando um dos principais conceitos propostos pela inovação social para criar um negócio de impacto.

“Pensar sistemicamente significa entender um sistema pela investigação das conexões e interações entre os elementos que compõem todo o sistema”

Para que o mercado da moda mude é preciso ter uma visão sistêmtica sobre ele. Não basta apenas pensar na relação empresa x consumidor. A cadeia de produção da moda ainda apresenta inúmeros gargalos que precisam ser modificados, tanto no que tange aos processos produtivos, quanto às relações de trabalho.

Por isso, pensando de maneira sistêmica, a Insecta adotou no seu modelo de negócio o upcylcing que consiste no reaproveitamento de materiais (especialmente tecidos) que são reintroduzidos no processo produtivo e se tornam um novo produto, no caso sapatos. Também na parte de materiais, há a preocupação de que todos os materiais tenham uma origem correta e sustentável.

Por exemplo, com a introdução da linha de laminado vegetal. Todo o processo de fornecimento desse material, que é um derivado do látex, considera a relação dos seringueiros com as florestas, fazendo parcerias com ONGs e cooperativas de produtores. O material vem de seringais do noroeste de São Paulo, região que é responsável por 54,5% da produção nacional.

Também a partir dessa visão, estabeleceu um processo de remuneração mais justo em relação a sua mão de obra, já que esse é um ponto problemático do sistema, já que não são raros de exploração.

Como resultado, a empresa tem crescido na contramão da crise econômica brasileira. Além de ter faturado mais de 1 milhão em 2015, hoje conta com uma loja virtual e ainda com lojas espalhadas pelo Brasil, Estados Unidos, Canadá, Alemanha e Espanha.

“Há grandes negócios acontecendo no Brasil e no mundo que são capazes de unir a transformação social e serem rentáveis, porque rompem o paradigma da escassez. É possível criar relações, negócios e sistema em que todos ganham”, afirma Bárbara.

Desenvolver essa visão é fundamental para que negócios consigam evoluir e prosperar daqui em diante. Por isso, criamos o curso Social Innovation Experience, com objetivo de ajudar pessoas e organizações a criarem o próximo passo para os negócios. Negócios que consigam unir propósito com resultado e transformação social.

Ricardo Ruffo

Ricardo Ruffo is a born entrepreneur, educator, speaker and explorer. As a writer by passion Ricardo daydreams on how the world is changing fast and how it could be.

Ruffo is the founder and global CEO of Echos, an independent innovation lab driven by design and its business units: School of Design Thinking, helping to shape the next generation of innovators in 3 countries, Echos – Innovation Projects and Echos – Ventures. As an entrepreneur, he has impacted more than 35.000 students worldwide and led innovation projects for Google, Abbott, Faber-Castell and many more.

Specialist in innovation and design thinking, with extensions in renowned schools like MIT and Berkeley in the United States. Also expert in Social Innovation at the School of Visual Arts and Design Thinking at HPI – dSchool, in Germany.

Naturally curious, love gets ideas flying off the paper. He always tries to see things from different angles to enact better futures. In his free time, spend exploring uninhabited places around the world surfing.