Na última semana, a Echos esteve em São Francisco, Califórnia, para participar do Singularity University Global Summit 2017, evento que reúne os maiores líderes de inovação do mundo.

Para quem não conhece o evento, trata-se de uma iniciativa da Singularity University, centro educacional que vem estimulando indivíduos e organizações a ingressarem em uma nova era, a era da exponencialidade.

A Singularity University, segundo suas próprias palavras, acredita que o mundo já possui as pessoas, a tecnologia e recursos necessários para resolver qualquer problema, até mesmo os problemas humanitários mais persistentes, desafiadores e urgentes.

Como um catalisador para mudanças globais, a Singularity ajuda a acelerar de forma inovadora o desenvolvimento de líderes e empreendedores e de tecnologias exponenciais – tais como inteligência artificial, nanotecnologia, robótica e biologia digital – com o objetivo de criar soluções que podem impactar positivamente bilhões de vidas. Organizações como o Google e a Nasa estão co-patrocinando a universidade, o que oferece a dimensão do quanto a iniciativa está intrinsecamente ligada à tecnologia e ao futurismo.  

A edição de 2017 do Global Summit contou com a presença de 1600 participantes de todas as partes do mundo e, acredite ou não, a maior delegação veio do Brasil.

Durante os três dias, ficamos imersos em tecnologias exponenciais e no espírito da experimentação que está disseminado pelo Vale do Silício.

A seguir, compartilho os 7 aprendizados mais importantes que tivemos ao longo dessa experiência:

1. “O que antes era atribuição do governo, agora empresas podem fazê-lo. O que antes era algo reservado às empresas, agora qualquer pessoa pode fazê-lo” Peter Diamandis (fundador da Singularity)

Com o avanço da tecnologia, nosso alcance está se tornando mais poderoso e as possibilidades de mudança e transformação se tornando mais fáceis e rápidas. Quase não existe limitação sobre o que podemos fazer e sobre que tipo de mudança podemos realizar.

2. “Estamos liderando na era da Disrupção*– Rob Neil (CEO da Singularity)

* é importante destacar que há uma diferença entre inovação e disrupção.

Independentemente se estamos criando uma mudança que será disruptiva, é preciso compreender que existe uma jornada a ser construída para um futuro melhor. Por isso, é importante criar os passos necessários para se atingir uma grande mudança sistêmica (Jornada para um futuro melhor)

3. A tecnologia nos torna mais inteligentes

– A inteligência artificial está saindo do campo conceitual e indo para aplicação, o que é algo enorme!

Há uma explosão de redes. O que significa dizer que estamos cada vez mais conectados e rápidos. A previsão é que haja 5 bilhões de mentes se conectando nos próximos anos.

– Há uma explosão de sensores. Com mais sensores, temos mais conhecimento. Saberemos de tudo, a qualquer hora e em qualquer lugar.

Estamos nos tornando cada vez mais íntimos da tecnologia. De computadores aos wearables (tecnologias vestíveis) e agora aos chamados insidables (dispositivos que são inseridos no corpo), teremos tecnologia dentro dos nossos corpos que irá conectar nossos cérebros e mentes à internet.

4. “A inteligência da tecnologia é parte de quem somos” – Ray Kurzweil – Futurista e cofundador da Singularity

As tecnologias como inteligência artificial fazem parte de quem somos. São uma extensão do nosso corpo e mente e nos tornam mais inteligentes. Somos a única espécie do planeta que pode criar ferramentas. É isso que fazemos. Tecnologias como IA – Inteligência Artificial – estão hoje amplificando nossa inteligência da mesma forma com que já, a partir da tecnologia, ampliamos nossas habilidades de nadar e voar. Tecnologias como blockchain irão nos ajudar a lidar com desafios mais complexos de uma forma muito mais distribuída.

A tecnologia é uma extensão humana e como tal pode ser usada para o bem e para o mal. Por isso, o otimismo deve impulsionar nossa trilha para seguir em frente.

5. “Uma estratégia está apenas temporariamente certa” – Clayton Christensen – Professor de negócios de Harvard

Líderes não conseguem mudar algo sem mudar o todo. Esse é o dilema do inovador*Quando se está criando uma mudança, é preciso mudar o todo para se conseguir mudar um único ponto.

Desafios de transformação que sejam conduzidos por uma visão de cima para baixo possuem altas taxas de fracasso porque organizações possuem um sistema imunológico reativo a mudanças. Encontrar uma ponta, uma brecha, uma alternativa em um negócio existente pode ser o caminho necessário para se criar um novo modelo de negócio.

*Há um livro sobre esse tema: O Dilema da Inovação – Quando As Novas Tecnologias Levam Empresas Ao Fracasso, mais conhecido apenas por O Dilema da Inovação e publicado pela primeira vez em 1997. Trata-se do trabalho mais bem conhecido do professor de Harvard e empreendedor Clayton Christensen.

6. Digitalização é essencial para a modularidade.

O que era antes analógico se torna digital e, então, se torna exponencial.

7. A densidade das conexões, das tecnologias, dos talentos e da abertura à experimentação é vital para a evolução.

Durante os 3 dias no Summit Singularity, tivemos a oportunidade de conhecer e interagir com os mais fantásticos indivíduos, especialistas em tecnologia, futuristas e empreendedores. O que torna o Vale do Silício único não é o acesso a investimento e tecnologia, mas a quantidade de pessoas talentosas que são atraídas para lá. Para ser bem sucedido na era da exponencialidade, certifique-se de ter ao seu redor três elementos: talentos, tecnologia e abertura à experimentação.

Juliana Proserpio

Juliana Proserpio é empresária e educadora. Ela é a cofundadora e chefe de design da ECHOS, laboratório de inovação e suas unidades de negócios: Echos – Escola de Design Thinking – uma escola que coloca a inovação em prática, e Echos – projetos de inovação.
Nos últimos 10 anos, Juliana tem trabalhado para desenvolver um ecossistema de inovação na Austrália, Brasil e, recentemente, em Portugal para fomentar o poder do design para futuros desejáveis.
Ela tem mais de 10.000 horas trabalhando próximo aos clientes em design de facilitação, liderando uma ampla gama de projetos em setores como saúde, finanças, educação, varejo, notícias, tecnologia e bens de consumo.
Juliana fala sobre o poder do design para criar futuros desejáveis. Ela falou em eventos como o Global Innovation Summit em San Jose, Califórnia, TEDxMaua em São Paulo, Brasil, What Design Can Do e o Sydney Design Festival.