Se você ainda não ouviu ou se interessou pelo tema blockchain deveria. É basicamente não procurar entender a internet nos 90. É considerada a próxima grande disrupção na sociedade e nos negócios – assim como foi a internet há quase 3 décadas.
Segundo Oswaldo Oliveira, especialista em redes, uma forma bem simples de definir blockchain é compará-lo a um infinito Livro-Razão Contábil. O que significa dizer que podemos registrar qualquer tipo – qualquer tipo mesmo, de transação. Pode ser dinheiro, propriedade, informação. É basicamente um conjunto de códigos criptografados que registram uma transação (financeira ou não).
O blockchain se baseia em 3 princípios que irão governar esse novo mundo que está emergindo. Todas as transações são seguras, porque as transações acontecem em milhares de computadores espalhados pelo mundo (os miners). E a informação que esse código ou hash contém só pode ser mudada se for alterada em todo esse banco de dados distribuído. Pense que se alguém hackear um banco, somente é preciso alterar as informações contidas no banco de dados daquele banco. Algo que sempre vemos nos filmes de Hollywood não é mesmo? Isso é impossível de acontecer com o blockchain.
Além disso, outro princípio do blockchain é que ele é rastreável, porque ele cria uma cadeia de informação. Toda a sequência de transações fica armazenada no criptograma. De certa forma é como acontece quando se extrai um registro de imóvel e é lá que estão todos os donos que possuem ou já possuíram um imóvel.
Por isso que os blockchains também são transparentes, é possível ver todas as transações que envolvem determinada propriedade ou dinheiro, por exemplo. Esses dados são públicos. O que não significa dizer que o conteúdo da transação seja público, pelo contrário. O blockchain mantém privado o tipo de transação, o emitente e o emissor. Mas é possível por exemplo rastrear qualquer tipo de transação. Algo que para os órgãos tributários, como a Receita Federal no Brasil, seria uma excelente forma de verificar transações fraudulentas ou ilegais por exemplo.
No fundo, os blockchains são um Trust Protocol (Protocolo de confiança) que hoje é feito por entidades certificadoras, como bancos, cartórios, órgãos públicos, entre outros. O que significa dizer que o blockchain é capaz de acabar com essas entidades. Ainda mais que não há um dono do blockchain, porque ele nada mais é que um algoritmo que foi criado e sobre qual qualquer um pode criar o seu próprio, seguindo algumas regras, para que sejam interativos.
Qualquer pessoa pode criar um criptograma ou um cripto ativo – uma série de códigos que contém informações – pode ser desde valores monetários como vemos no Bitcoins como por exemplo de transferência de propriedade.
Ou seja, o que estamos vendo toda a discussão sobre Bitcoins apenas significa a ponta de um iceberg. O Bitcoin é apenas uma aplicação (monetária no caso) das infinitas possibilidades que o blockchain pode proporcionar. A Ethereum, por exemplo, é outro blockchain focado na transação de contratos.
Caso queira conhecer um caso brasileiro nesse sentido. Por exemplo, Don Tapscott escreveu um livro sobre blockchain e o lançou nos Estados Unidos (aliás, não deixe de conferir o TED feito por ele sobre o assunto clicando aqui), chamado “Blockchain Revolution: How the Technology Behind Bitcoin Is Changing Money, Business, and the World”
Com o lançamento do livro, iniciou-se um movimento no Brasil de fazer a versão traduzida para o português, porém utilizando o sistema do blockchain.
Imagine que para a produção de um livro há toda uma cadeia de profissionais e empresas. Desde a cessão de direitos do livro, passando pelo trabalho de tradução, revisão, diagramação, distribuição e até chegar a venda. São muitas pessoas envolvidas nesse projeto. E todas elas serão pagas em blockchain. Como se fosse uma grande sociedade.
O que significa dizer que a cada venda de exemplar, automaticamente cada “sócio”, ou seja, o próprio Don, o tradutor, revisor, diagramador, distribuidor e varejista recebem de modo instantâneo sua quota-parte relativa ao livro. Cada unidade de blockchain equivale a US$1000, mas que pode ser divisível até 7 casas decimais.
Imagine você designer ou editor recebendo minuto a minuto o fruto do seu trabalho.
Vá além: imagine um investidor e toda as pessoas envolvidas na cadeia recebendo segundo a segundo a parcela. É desse tipo de revolução que o blockchain trata.
Apenas citamos algumas das formas de aplicação do blockchain, mas as possibilidades são infinitas. Como dito, caso você queira conhecer a próxima grande coisa que irá acontecer pós internet, definitivamente serão os Blockchains.