“Você não consegue resolver um problema com a mesma mentalidade que o criou”, Albert Einstein.

O sistema educacional atual

Se pudéssemos definir nosso sistema educacional hoje em uma única palavra seria: testes.

Todos os anos, vemos jovens e crianças passarem por uma bateria de testes. Provas que buscam avaliar e validar, em único momento, o conhecimento dos estudantes.

Como resultado desse processo, forma-se jovens, que souberam acumular conhecimento, mas não necessariamente serão capazes de utilizar o que aprenderam para propor soluções.

Em um mundo exponencialmente volátil, incerto, complexo e ambíguo, vemos ficar mais acentuado esse descompasso entre a forma como aprendemos e temos que lidar com o mundo.

Desse cenário, tem pulsado com cada vez mais força a necessidade de se mudar a educação. Afinal, o que significa, de fato, para um país e para o mundo, ter o melhor desempenho em testes de matemática, física ou química? O quanto essa genialidade tem nos levado a resolver problemas concretos e complexos como, por exemplo, as mudanças climáticas?

Nosso mundo, precisa, desesperadamente, de lideranças capazes de alcançar justiça social de forma sustentável, não somente a aprender a responder testes.

Por isso, faz-se também necessário uma mudança profunda sobre como entendemos a experiência de aprendizagem. É preciso formar crianças e jovens com um novo modelo mental.

Isso porque as futuras gerações serão demandadas a solucionar os problemas mais desafiadores já criados e enfrentados pelo homem. As crianças precisarão dominar modelos mentais a fim de conseguir enxergar as ferramentas necessárias e capazes de endereçar desafios complexos como energia renovável, fome mundial, mudanças climáticas e, até mesmo, como projetar um mundo melhor.

Também precisarão ter a compaixão por essa população cada vez maior e mais diversa, criando um mundo inclusivo, ao invés de excludente, como ainda presenciamos hoje.

Como podemos, então, repensar a forma com que jovens e crianças aprendem?

O primeiro passo para se poder oferecer novos caminhos ao sistema educacional, é perguntando à geração hoje mais afetada pelo atual sistema de educação. Pensando nisso, Christian Long, um educador do futuro, criou nos Estados Unidos o Prototype Design Camp com o objetivo de introduzir e difundir as habilidades proporcionadas pelo Design Thinking para estudantes do ensino fundamental e médio.

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“No último mês de fevereiro, em meio a uma histórica tempestade de inverno que varreu os Estados Unidos, 30 estudantes do ensino médio de diferentes escolas em Ohio se mobilizaram, entre neve e gelo, para participar do primeiro Prototype Design Camp. Chegaram profundamente engajados em ajudar o mundo a responder uma das perguntas mais complexas enfrentadas hoje: “Como podemos nos engajar e navegar por meio desse mundo que muda a passos largos?” conforme relatou Christian Long em artigo da FastCo Design.

Segundo consta na página do projeto, o Prototype Design Camp “é um workshop inovador de 3 dias que reúne estudantes e profissionais com o propósito de colaborar em um intenso desafio utilizando o design thinking com o propósito de endereçar os problemas reais do mundo”.

Estudantes de diferentes escolas trabalham em grupos com outros estudantes que nunca viram antes. São conduzidos por mentores, que os auxiliam a aprender por meio de um modelo comportamental e de colaboração ao invés de um modelo de registro do informação.

Como resultado, emerge um novo conjunto de relacionamentos, escolas que introduzem o design thinking como modelo mental e movimentos estudantis. Porém, desse processo, o resultado mais tocante é a experiência do estudante em si. Os estudantes saem se sentindo extremamente gratos, muito interessados com o processo de design thinking e, o mais importante, sentem-se motivados a usar a criatividade para gerar mudança.

Não só lá fora a educação está mudando

No Brasil, também têm surgido iniciativas que buscam repensar a forma como crianças e jovens aprendem. Utilizando a criatividade dos jovens e o design thinking como base de aprendizado, a Escola Design Thinking oferece o Design Thinking Experience Youth.

O Design Thinking Experience Youth busca estimular estudantes a pensar de uma nova forma: fazendo. Durante três dias, esses jovens têm a possibilidade de criar de maneira colaborativa soluções capazes de realmente mudar a vida das pessoas. Em grupos, aprendem o valor não apenas de ter boas ideias, mas o caminho para tirá-las do papel e testá-las.

Quando se entrelaça a maneira de pensar oriunda do design com modelos educacionais, surge uma nova forma de aprender que torna o processo de aprendizado visual, experimental e prático. Ao mesmo tempo, desenvolve nos jovens um olhar muito mais empático.

Essa maneira de enxergar pelo design – e especificamente pelo design thinking – oferece o suporte necessário para criar mapas de aprendizagem radicalmente novos, transformando como se aprende e, consequentemente, como se ensina.

O que se vê é que a complexidade de reformular o sistema de educação atual, quer seja nos Estados Unidos, aqui no Brasil ou em qualquer lugar do mundo, quando visto pela ótica do design assume um novo olhar sobre o problema.

Nesse sentido, o uso do design thinking como modelo mental pode servir de suporte educacional e uma forma de fazermos com que, de modo muito mais assertivo, as próximas gerações consigam navegar na complexidade do mundo.


* Este texto é versão adaptada do artigo “Teaching Kids Design Thinking, So They Can Solve The World’s Biggest Problems” publicado no site FastCo Design. Para ter acesso ao texto na íntegra, clique aqui.

Ricardo Ruffo

Ricardo Ruffo is a born entrepreneur, educator, speaker and explorer. As a writer by passion Ricardo daydreams on how the world is changing fast and how it could be.

Ruffo is the founder and global CEO of Echos, an independent innovation lab driven by design and its business units: School of Design Thinking, helping to shape the next generation of innovators in 3 countries, Echos – Innovation Projects and Echos – Ventures. As an entrepreneur, he has impacted more than 35.000 students worldwide and led innovation projects for Google, Abbott, Faber-Castell and many more.

Specialist in innovation and design thinking, with extensions in renowned schools like MIT and Berkeley in the United States. Also expert in Social Innovation at the School of Visual Arts and Design Thinking at HPI – dSchool, in Germany.

Naturally curious, love gets ideas flying off the paper. He always tries to see things from different angles to enact better futures. In his free time, spend exploring uninhabited places around the world surfing.