Fazer o bem ou ganhar dinheiro?

Se você enfrenta esse dilema, saiba que não está sozinho. O modelo mental vigente ainda nos leva a pensar de maneira dicotômica, como se para fazermos o bem precisamos abrir mão de gerar riqueza. Ou, ainda, precisamos levar uma vida dupla: durante a semana nos dedicamos a ganhar dinheiro e aos finais de semana mergulhamos em trabalhos voluntários.

Se pararmos para pensar, essa é uma lógica meio maluca. Quando colocamos o comercial x social, criamos um sistema de consumo x preservação. É basicamente dizer que para o sistema capitalista existir precisamos destruímos florestas para depois reflorestá-la. É como se estivéssemos em uma corrida contra o tempo.

Porém, é possível mudar essa lógica se mudarmos nosso modelo mental. Podemos sair desse estado de escassez para um mundo da abundância e criar uma nova economia.

Procurando navegar nesse novo mundo, Camila Dias veio participar da última turma do curso de Inovação Social. A seguir você conhece sua história e como ela está mudando a sua realidade, fazendo o bem e ganhando dinheiro!


1)  Conte um pouco sobre sua história, o que você faz, seus interesses, queremos saber mais sobre você!

Sou formada em Ciências Biológicas, mas minha carreira profissional é bem diversa. Já fui administradora de parque municipal e assistente de produção, até chegar a posição de analista de responsabilidade social em uma empresa de engenharia ambiental. Nessa área, acabei descobrindo um novo meio de trabalhar com a comunidade nas cidades em que a empresa atuava.

A partir disso, pude perceber que ao acompanhar essas comunidades e as instituições que ali atuavam poderia fazer de outro jeito. Vi que poderia ajudar a romper com a visão assistencialista incentivando as pessoas a se tornarem mais autônomas.

Atualmente, trabalho no Núcleo de Cultura do Sescoop/SP, levando arte e cultura para cidades do estado de São Paulo. É desafiador, porque como viajo por todo estado e visito cidades de diferentes tamanhos, muitas vezes percebo que a única ação cultural na cidade é aquela que levamos.

Falando de interesses pessoais, tenho muito interesse pela gastronomia, pois vejo a comida como um elemento agregador e que representa a bagagem cultural de uma sociedade. E se eu fosse um animal, acho que seria uma águia pela visão apurada que ela possui e por ser um símbolo de renovação!

2) O que te motivou a procurar o curso de Inovação Social?

Entrei na faculdade de Biologia achando que poderia salvar o mundo. Sempre quis ser ambientalista e tentar mudar o jeito que as pessoas se relacionam com a natureza. Com o passar do tempo, percebi que não adianta querer falar de meio ambiente para pessoas que não tem nem saneamento básico em suas casas. Vi que questões ambientais e sociais caminham juntas, mas sempre são abordadas separadamente.

Do mesmo modo paradoxal é como o sistema atualmente funciona. Ainda vemos uma nítida separação entre o social e o comercial. Entre ganhar dinheiro e resolver problemas sociais. Não é nesse mundo que quero viver e por isso procurei o curso de Inovação Social. Estava em busca de novos caminhos e um outro olhar para como os negócios podem ser feitos.

3) Durante o curso, quais desafios e aprendizados foram marcantes para você?

O meu maior desafio foi desconstruir alguns conceitos que trazemos para poder entender que há outras maneiras de se trabalhar em que é possível gerar riqueza e fazer o bem ao mesmo tempo.

4) Para você, hoje, o que a palavra social significa?

A palavra social me remete à sociedade. Antes, eu entendia social como projetos filantrópicos e assistencialistas. Hoje, o conceito se ampliou como um benefício para a sociedade como um todo e não apenas para uma parcela necessitada, como asilos, orfanatos, etc. Se continuarmos vendo a sociedade de modo fragmentando, não há uma melhoria sistêmica. Haverá apenas projetos “tapa-buracos”, de resolução imediata.

5) Após o curso, como você vê o seu lugar no mundo?

Depois do curso de Inovação Social, vejo meu lugar no mundo como alguém que possui ferramentas e contatos em rede que a partir de pequenas melhorias é capaz de gerar um impacto macro. Vi que se cada um se articular na sua vizinhança, no seu bairro, na sua cidade, somos capazes de catalisar grandes transformações no mundo.

6) De que forma pretende usar a inovação pode ajudar a resolver problemas sociais? 

Temos no Sescoop/SP um programa Nacional chamado Dia C. Esse programa quer potencializar ações de responsabilidade social que as cooperativas já possuem ou pretendem ter para dar visibilidade nacional e com base nos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU.

O curso de Inovação Social me deu ferramentas para iniciar uma mudança de visão e de modo de agir junto às cooperativas do estado de São Paulo para que possamos desenvolver projetos de uma nova forma. As cooperativas começaram a entender que seus projetos para gerar impacto precisam ser sustentáveis, priorizando ações de longo prazo ao invés de ações pontuais.

Algumas cooperativas também passaram a introduzir alguns mecanismos de inovação social em seus modelos de negócio. Fico muito feliz que após o curso estamos conseguindo romper paradigmas e, aos poucos, tornar as cooperativas um canal para resolver problemas sociais.

7) Se puder resumir o curso de Inovação Social em uma frase (ou parágrafo), ela seria…

A oportunidade para desconstruir velhos conceitos para criarmos um novo modelo de mundo!


blog_IS_camila_diasCamila é bióloga de formação e produtora cultural por paixão. Com uma curiosidade pulsante, durante sua trajetória pessoal e profissional sempre buscou conhecer coisas novas e sair da zona de conforto: de recreadora infantil a garçonete em férias na Bahia, já se dedicou também a aprender sobre permacultura e como se tornar uma clown em hospitais. Leva consigo pela vida uma frase que escutou de uma professora sua: “Pior aquele que fica em cima do muro, pois esse toma tiro dos dois lados”.

admin_sdt

É empreendedora e educadora. Ela é cofundadora da ECHOS e suas unidades de negócios: Design Echos e Escola Design Thinking.

Ao longo dos últimos anos, Juliana tem trabalhado para desenvolver um ecossistema de inovação no Brasil. Atua como líder em projetos de inovação nas áreas de saúde, construção, internet das coisas e outros. Como educadora, dissemina o conceito de inovação para o bem.

Em 2014 palestrou no Global Innovation Summit, em San José, Califórnia e, em 2015 foi jurada do primeiro prêmio William Drentel de design para impacto social e foi convidada a palestrar no TEDx Mauá.