“Falhe mais vezes para ter sucesso mais cedo” – IDEO

A fase TESTE nada mais é do que você ir para a rua e validar com o usuário sua ideia, produto ou serviço. É provocar sensações nas pessoas para receber feedbacks: o que eles mais gostaram e não gostaram, maior diferencial, o que falta, sugestões, e o mais importante, se ele é desejável! Afinal, em um projeto de Design Thinking as decisões são centradas no ser humano.

É muito comum tendermos a pular essa etapa pois é muito dolorido ouvir que a sua solução talvez não seja TÃO LEGAL ASSIM. Já sabemos que protótipo bom é protótipo rápido, sujo e barato justamente para você não se apegar! Gastar muito tempo e recursos antes de validar com seu usuário é um erro gravíssimo em um projeto de inovação. Você pode ir melhorando seu protótipo aos poucos até apresentar um de alta fidelidade, mas não deixe de colher feedbacks com seu usuário durante esse processo.

Na hora de ir para rua com o protótipo em mãos, testar a solução e saber a opinião das pessoas, sempre levo comigo 7 regrinhas que me ajudam a interagir com o usuário para colher melhor os feedbacks:

1) ESCUTE: Em primeiro lugar, é necessário saber ouvir. Por isso tente não ficar na defensiva e não faça julgamentos. Pelo contrário, o momento é para refletir. Por isso, leve papel e caneta e resuma o que foi dito e as reações dos usuários.

2) PERGUNTE: caso não tenha entendido o ponto levantado, não deixe de fazer pergunta. Se necessário, peça exemplos de histórias que ilustrem o feedback.

3) VALIDE: quanto maior o número de pessoas você conseguir testar a sua ideia, mais fácil você conseguirá identificar padrões de resposta que serão úteis na hora de melhorar o protótipo.

4) FIQUE ATENTO: Você vai notar que as vezes é preciso voltar ao início do processo. O teste pode revelar que a dificuldade não está no protótipo em si, mas que a pergunta do ponto de vista – a grande pergunta que queremos responder com a solução – não foi redefinida corretamente.

5) ESTEJA ABERTO A ESTAR ERRADO: Lembre-se, falhe rápido para ter sucesso mais cedo.

6) NÃO TESTE TUDO AO MESMO TEMPO: Foque em uma ou duas coisas para avaliar. Se você testar tudo ao mesmo tempo não saberá ao certo o que não funciona!!

7) INSPIRE: As pessoas que testarão as suas ideias serão as primeiras a te ajudar a implementá-la! Inspire-as!

Acredito que com essas dicas você verá que não é um bicho de sete cabeças levar sua solução para rua e o quanto é importante tirá-la do mundo das ideias e validá-la no mundo real.

Além disso, você pode fazer de diversas maneiras

Existem vários tipos de teste, mas resolvi separar dois que são bastante interessantes. O primeiro deles, muito utilizado em desenvolvimento web, no marketing ou em publicidade tradicional, é o chamado TESTE A/B. Consiste em colocar duas (A e B) ou mais versões as quais são idênticas exceto por uma variante que pode impactar o comportamento do utilizador, indicando a sua preferência.

Ele serve para entender as preferências do consumidor com o objetivo de melhorar a porcentagem de aprovação de um produto ou serviço. Estes testes são ferramentas excelentes porque oferecem um feedback real de mercado, mensurado com precisão. Não é uma pesquisa simples em que alguém pode responder uma coisa e fazer outra na prática: são fatos consolidados.
A vantagem dos Testes A/B é que o usuário final não percebe que participou de algum teste, pois ele verá apenas uma das versões criadas e terá a certeza de que aquela é a sua página original independente de qual for apresentada.

Mas, na prática, como é feito?

Cria-se uma (ou mais versões) alternativa(s). Enquanto a Versão A está sendo testada (controle), a Versão B é a modificada (tratamento). Geralmente alteram-se poucos elementos na segunda versão para identificar com maior precisão qual a variável que fez efeito. Caso queira conhecer mais sobre a etapa de teste do Design Thinking, recomendo nosso ebook gratuito Design Thinking na Prática.

Veja esse exemplo com e-mail:

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A segunda ferramenta que vou citar é muito utilizada na fase de pesquisa, mas pode também ser aplicada na etapa TESTE caso sua solução seja um serviço. Essa ferramenta se chama “Um dia na vida” e consiste em você ir a campo, vestir a camisa do seu usuário e viver na pele a experiência. Vivencie o dia do seu cliente e veja como ele interage e utiliza do começo ao fim o serviço que está oferecendo. É uma forma de percebermos o impacto do serviço que está sendo criado.

Falando em experiência…

Gostaria de contar a melhor experiência que tive na fase TESTE de todos os projetos de inovação que já participei. E sem dúvida foi no projeto 3 durante o curso de Especialização em Design Thinking.

O desafio era “Como repensar o papel do cobrador de ônibus?”. Durante o projeto, meu grupo chegou na solução de um totem interativo que substituiria algumas funções do cobrador no ponto de ônibus. Fomos incentivados a ir para rua testar nosso protótipo, que era um cavalete com flip chart (não estava brincando quando era para ser rápido, sujo e barato).

Pense na cena… 5 pessoas, 1 protótipo gigante e vários post its voando pela rua.
Chegamos no ponto de ônibus abordando as pessoas sobre as funcionalidades do nosso totem, algumas pessoas gostaram e outras se mostraram indiferentes pois não mudaria a vida delas.

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Explorando as ruas para testar a solução no curso de Imersão em Design Thinking

Foi quando pensamos em perguntar ao próprio cobrador qual era a opinião dele e para isso precisamos entrar no ônibus. Com a foto abaixo já dá para imaginar o caos, né? Porém, foi exatamente nesse momento que eu e o meu grupo tivemos muitos aprendizados! Em conjunto, procuramos por improvisos, descobrimos novas oportunidades e novos usos.

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Procurando testar a ideia de todas as formas 😛

Depois desse episódio passei a valorizar ainda mais essa etapa do processo e o quanto é incrível ver brilhar os olhos do seu usuário por ter resolvido uma necessidade dele.

Para finalizar, a fase Teste é a etapa que você vai conseguir medir se seu projeto é realmente inovador perguntando se o que está sendo criado é…

DESEJÁVEL? As pessoas desejarão isso?
APLICÁVEL? É possível desenvolver de forma sustentável?
VIÁVEL? É viável financeiramente?

Se quiser se aprofundar ainda mais no assunto, compartilho mais sobre o tema no curso “Testes e Iteração: build, measure, learn, repeat!” da Descola onde trago mais alguns exemplos de teste e iteração, como também um case real do Marcelo Lagge, sócio gestor da Formaggio Mineiro Gourmet.

Ricardo Ruffo

Ricardo Ruffo is a born entrepreneur, educator, speaker and explorer. As a writer by passion Ricardo daydreams on how the world is changing fast and how it could be.

Ruffo is the founder and global CEO of Echos, an independent innovation lab driven by design and its business units: School of Design Thinking, helping to shape the next generation of innovators in 3 countries, Echos – Innovation Projects and Echos – Ventures. As an entrepreneur, he has impacted more than 35.000 students worldwide and led innovation projects for Google, Abbott, Faber-Castell and many more.

Specialist in innovation and design thinking, with extensions in renowned schools like MIT and Berkeley in the United States. Also expert in Social Innovation at the School of Visual Arts and Design Thinking at HPI – dSchool, in Germany.

Naturally curious, love gets ideas flying off the paper. He always tries to see things from different angles to enact better futures. In his free time, spend exploring uninhabited places around the world surfing.