“Somos a transformação que queremos ver no mundo”, disse Mahatma Gandhi. O mundo que queremos criar depende – e muito – das nossas atitudes, como nos portamos e agimos ao longo da nossa vida. Não apenas tudo o que fazemos impacta, como também nossas atitudes servem de exemplo aos outros. Mas como Gandhi, podemos transcender nossa individualidade, atingir e engajar milhares de pessoas em torno de algo positivo e que seja impactante para a sociedade.

Claro que mudanças sociais são sempre um desafio e tanto, mas nem por isso elas não estão acontecendo. Neste artigo, trouxemos 5 exemplos de campanhas de mobilização para mostrar como nós brasileiros podemos ser articuladores e criar movimentos de impacto e de alcance de massa – e que ninguém precisa ser um guru espiritual ou um líder político super carismático para engajar pessoas em torno de uma causa. 

1. Manifestações de 2013

Em junho de 2013, presenciamos milhões de pessoas indo às ruas. Se inicialmente o motivo dos protestos era o aumento das tarifas dos transportes públicos, rapidamente evoluiu para um movimento que passou a questionar os gastos públicos na Copa, a má qualidade dos serviços públicos e o nível de corrupção política em geral. As manifestações atingiram inúmeras capitais brasileiras e ganharam repercussão nacional e internacional.

Graças à tecnologia, não só foi possível levar um número enorme de pessoas às ruas como também empoderou milhares de pessoas a registrarem e narrarem o que estava acontecendo durante os protestos. Do mesmo modo, veículos de notícias independentes puderam realizar a cobertura dos acontecimentos ao vivo com apenas um smartphone, permitindo que qualquer pessoa em qualquer parte do mundo pudesse saber o que estava acontecendo e, ainda, por diferentes pontos de vista.

E mais incrível disso tudo, é que 2013 foi, muito provavelmente, preparou o terreno para as mobilizações que estão acontecendo este ano e elevou, de alguma forma, o nível de engajamento das pessoas em relação à política.

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2. TETO

O TETO é uma organização presente na América Latina e Caribe, que busca superar a situação de pobreza em que vivem milhões de pessoas nas comunidades precárias, através da ação conjunta de seus moradores e jovens voluntários. Uma das suas principais frentes de atuação é a intervenção em comunidades. Entre outras iniciativas, a organização sem fins lucrativos promove mutirões de construção de moradias, envolvendo centenas de pessoas que voluntariamente ajudam a reerguer toda uma população carente.

O sucesso do TETO está na habilidade de mobilizar pessoas e recursos em torno da causa, já que para (re)construir comunidades inteiras, é preciso muito material e mão de obra, bem como dependem de doações e do trabalho voluntário. Para se ter uma dimensão do projeto, só no Brasil, já mobilizaram mais de 25.000 voluntários e construíram mais de 1900 moradias.

Além disso, em 2015, a ONG criou uma campanha muito interessante com o objetivo de chamar a atenção para a pobreza. A proposta foi criar anúncios que questionassem a publicação de notícias “fúteis” pela impressa. Também havia o intuito de arrecadar recursos para dar continuidade aos trabalhos desenvolvidos nas comunidades carentes. Veja algumas peças:

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3. O movimento Meu Rio!

Criado por Alessandra Orofino, o Meu Rio é uma rede de ação com o objetivo de criar um Rio de Janeiro mais democrático, inclusivo e sustentável. Mais de 200 mil cariocas de certidão e de coração se mobilizam para participar ativamente dos processos de decisão da cidade, acompanhando atentamente as decisões tomadas pelo Executivo e Legislativo municipais e mapeando mobilizações criadas por ativistas locais que precisam de apoio.

“De baixo para cima”, o movimento tem influenciado a política local, estimulado a participação das pessoas na politica e reforçado a importância da democracia participativa. Na prática, o Meu Rio possibilita que pessoas se organizem a respeito de causas e lugares com os quais elas se importam em sua própria cidade, valendo-se das plataformas digitais. Para conhecer mais sobre essa história, assista ao TED da Alessandra:

4. #meuprimeiroassedio

Do assédio vivenciado por uma criança em pela TV no programa MasterChef Junior da Band, surgiu o movimento #meuprimeiroassédio, encampado pela ONG Think Olga, como uma forma de reação on-line aos abusos que mulheres sofrem cotidianamente. Mulheres de todo o Brasil sentiram-se confortáveis em relatar suas histórias. Segundo dados do Google Trends e incluindo a tag #primeiroabuso, foram contabilizados 88.847 postagens por 35.266 usuários. Além disso, criam um canal no facebook para que as mulheres pudessem denunciar situações abusivas.

A repercussão foi tão grande que atingiu escala internacional e motivou mulheres de outros países, como Estados Unidos e Grã-Bretanha, a compartilharem suas histórias de violência e abuso sexual, usando a tag #firstarrassement.

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5. Dove: a Real Beleza

Empresas podem mobilizar e gerar impacto positivo? Sim! Há mais de uma década, a Dove, usando como mote a Real Beleza, tem lançado diversas campanhas com o objetivo de melhorar a percepção das mulheres com a própria aparência e como enxergam o próprio corpo, abrindo espaço para o debate sobre padrões de beleza e autoaceitação nas mídias e na sociedade.

A mais recente, Retratos da Real Beleza, concebida e realizada por brasileiros, foi a campanha de maior sucesso do YouTube com um dos maiores números de visualizações da história da plataforma. Na primeira semana, já tinha atingido mais de 20 milhões de visualizações. No vídeo, um artista forense americano realiza retratos-falado de mulheres com base na forma como se autodescrevem e, na sequencia, faz outro retrato das mesmas mulheres a partir do relato de terceiros. O comercial mostra, com um olhar sensível, como as mulheres são extremamente autocríticas.

Se você quer aprender a como criar na prática campanhas reais como essas, capazes de mobilizar multidões em torno de uma causa e transformar a realidade que vivemos, a partir dos seus projetos, da sua empresa ou da organização em que atua, conheça o Mobilize! No Mobilize – estratégias para transformação você irá entender como criar um processo simples e efetivo de planejamento estratégico para envolver e engajar pessoas em torno da sua causa. Saiba mais aqui!


AdvogaPaulo Tirolido, marketeiro e inquieto. Paulo passou a notar que perdemos muito tempo tentando nos encaixar nos moldes dos outros e, por acreditar que todos possam encontrar a própria trilha, espera ajudar as pessoas nesse sentido. Participa de movimentos sobre empreendedorismo de impacto e crê na força dos negócios como ferramenta transformadora da realidade. Atualmente, faz parte do time da Escola de Design Thinking e sonha em ser facilitador de processos.

Ricardo Ruffo

Ricardo Ruffo is a born entrepreneur, educator, speaker and explorer. As a writer by passion Ricardo daydreams on how the world is changing fast and how it could be.

Ruffo is the founder and global CEO of Echos, an independent innovation lab driven by design and its business units: School of Design Thinking, helping to shape the next generation of innovators in 3 countries, Echos – Innovation Projects and Echos – Ventures. As an entrepreneur, he has impacted more than 35.000 students worldwide and led innovation projects for Google, Abbott, Faber-Castell and many more.

Specialist in innovation and design thinking, with extensions in renowned schools like MIT and Berkeley in the United States. Also expert in Social Innovation at the School of Visual Arts and Design Thinking at HPI – dSchool, in Germany.

Naturally curious, love gets ideas flying off the paper. He always tries to see things from different angles to enact better futures. In his free time, spend exploring uninhabited places around the world surfing.