O ano era 2000 e a competição era o maior torneio europeu de futebol. O grande ídolo do time, do alto dos seus 1,91, era a cara de um futebol desengonçado e apático. Em todos os jogos a história se repetia: bola levantada na área para Oliver Bierhoff brigar entre os zagueiros e tentar cabeçear para o gol.
Em um torneio disputado e um grupo cruel a Alamanha de Bierhoff e companhia foi eliminada com 1 ponto e 1 gol. E isso foi suficiente pra tornar o vexame um assunto de Estado. Imagine a tricampeã mundial, uma das nações mais ricas e desenvolvidas do mundo, sendo eliminada no campeonato mais importante do continente ainda na primeira fase.
Avançamos 14 anos e agora chegamos em 2014.
Brasil, copa do mundo no país do futebol, o mundo pára para ver a semifinal entre Brasil e Alemanha. O resultado todos nós sabemos, um show de futebol da equipe Alemã, abarrotada de craques, contra um Brasil desestruturado e sonolento, se apoiando na sua única e grande esperança – Neymar.
Porque estamos te lembrando de tudo isso?
O vexame da seleção Alemã em 2000 foi o responsável por desencadear uma grande reestruturação no futebol do país. Logo após o jogo (e da repercussão do resultado) o governo alemão traçou um plano de 12 anos para reconstruir o esporte nacional: investiu em academias e centros de treinamentos públicos para jovens, reformulou o campeonato nacional e forçou os clubes a se profissionalizarem e arcarem com suas dívidas. O objetivo também era bastante audacioso: unir uma nação (mais de 20% da população do país é imigrante).
Você deve estar se perguntando “ok, e daí? O que que a Escola Design Thinking tem a ver com tudo isso?”.
Na última quarta-feira, 02/12/2015, a Escola Design Thinking em parceria com a Universidade do Futebol e Futebol em debate, realizou o Seminário de Avaliação do Futebol Brasileiro no centro de convenções do Hotel Maksoud Plaza em São Paulo.
Com o objetivo de elaborar um plano diretor para transformar o futebol brasileiro nos próximos dez anos, reunímos em uma sessão de co-criação cerca de 80 convidados, dentre eles importantes especialistas de várias áreas ligadas ao esporte: ex-jogadores (Mauro Silva, Gilberto Silva e Fernando Diniz), técnicos (Muricy Ramalho, Paulo Autuori, Ricardo Drubsky), jornalistas (Juca Kfouri, Sidnei Garambone, André Rocha, Paulo Calçade, André Kfouri, Erich Betting), diretores de clubes (Fernando Miranda – SC Internacional, José Mansur – SPFC), comentaristas e representantes de instituições da modalidade (Sócrates Jr, João Paulo Diniz, Sálvio Spínola). A Escola Design Thinking teve o importante papel de facilitar a ideação desses craques com um time de 8 facilitadores. Nada melhor do que reunir quem realmente entende do assunto para analisar o cenário atual e propor melhorias para o futuro do esporte.
Ricardo Ruffo, co-fundador da Escola Design Thinking, colocou todos os participantes para pensar fora da caixa passando pelos três valores do Design Thinking, empatia, colaboração e experimentação. Ao final do encontro todas as ideias foram apresentadas e serão encaminhadas como sugestões para a elaboração do plano diretor.
Acreditamos que mudanças no futebol inspiram mudanças na sociedade e as ideias geradas nesse brainstorming interdisciplinar sobre gestão profissional e qualidade do jogo são os primeiros passos para grandes mudanças nesse ecossistema.
O presidente da Universidade do Futebol, João Paulo Medina, detalhou as finalidades do plano diretor para o futebol brasleiro (2016 – 2025):
1 – RESGATE DA QUALIDADE E PRESTÍGIO
Resgatar a qualidade e prestígio mundial do futebol brasileiro.
2 – MOVIMENTO MOBILIZADOR
Mobilizar a comunidade ligada direta e indiretamente ao futebol na criação de um movimento que debata criticamente e proponha mudanças concretas e viáveis para este esporte nacional, qualificando-o de forma transparente e consistente nos próximos dez anos (2016-2025).
3 – DIREÇÃO DAS EXPECTATIVAS
Definir e propor um caminho para o futebol brasileiro dentro de uma abordagem integrada, interdisciplinar e sistêmica, através de planejamentos de curto, médio e longo prazos, definindo objetivos, metas e indicadores claros, nas dimensões de alto rendimento, participação e socioeducativa, que atendam às necessidades de todos os setores estratégicos.
4 – PORTAL DE TRANSPARÊNCIA
Acompanhar, através de um portal de transparência do futebol brasileiro, as etapas de execução do Plano Diretor (2016-2025), fiscalizando e cobrando procedimentos éticos, de boas práticas de gestão e políticas públicas, e contribuindo, de forma geral, para o desenvolvimento do Brasil.
5 – COMPROMETIMENTO DOS RESPONSÁVEIS
Envolver e comprometer os principais agentes responsáveis pelo fomento e desenvolvimento do futebol brasileiro, visto não só como atividade empresarial, mas sobretudo, como patrimônio cultural brasileiro a ser cultivado, preservado e valorizado.
6 – CREDIBILIDADE
Influenciar em todos os processos que possam estimular a conquista de credibilidade das instituições futebolísticas, contribuindo para melhorar as suas funções políticas, administrativas e técnicas.
Sabemos que iniciativas como essas, principalmente em modelos antidemocráticos e muitas vezes corrupto, impedem o surgimento de forças mais inovadoras que acreditam nas possibilidades de construirmos um futebol e um país melhor. Nesse sentido, estamos muito orgulhosos do engajamento e integração de todos os envolvidos que contribuiram para inserir o futebol nesse mundo do Design Thinking e Inovação.