A primeira vez que ouvi o conceito de construir o futuro fui tomada por um certo ceticismo: acreditava que o presente já tinha coisas suficientes para se consertar. Mas o Design de Futuro Desejáveis tinha uma promessa diferente: construir futuros significa ter uma grande intenção que nos guia e começar as mudanças agora. É, acima de tudo, não ficar refém de quem está construindo esse futuro. Por isso decidir experimentar a experiência de 3 dias do curso Design de Futuros Desejáveis e deixo aqui o meu relato de alguns destes momentos:

Dia 1

Carta para o futuro

Começamos com uma carta para nós mesmos daqui a 20 anos. Como será o transporte, o trabalho a saúde a educação, o lazer? O exercício de imaginação nos obriga a trabalhar com o inevitável: o mundo vai mudar e já existem muitos sinais disso. Como vamos lidar com essa mudança e qual nosso papel nisso? Após alguns voluntários lerem a carta é que podemos perceber que muitos têm uma visão bem pessimista do futuro. Afinal, não é isso que vimos em filmes, séries, notícias? Mas logo veremos que a proposta do design de futuros desejáveis é exatamente acabar com essa mentalidade.

Prever o futuro X criá-lo

Primeiro fomos apresentados ao conceito de designers como aquele que cria, projeta ou desenha algo. Sendo assim, todo ser humano é designer por natureza. Isso nos empodera a criar a sociedade que queremos e assim, o conceito de criar futuros começa a tomar sentido.

E qual a importância de começarmos a criar esses futuros? É que na verdade eles já estão sendo criados. Por empresas, governos, tecnocratas. Vimos diversos casos como esse no curso, como a China que já colocou em teste um sistema de créditos social baseado em uma espécie de “ranking pessoal”. Por meio de câmeras e controle de dados na internet, eles irão fazer um ranking que dará notas as pessoas, e de acordo com isso será decidido o quanto elas terão acesso à créditos, trabalho, etc. Meio Black Mirror, não?

Depois de todos estarem convencidos da importância de criarmos juntos futuros desejáveis, inclusivos e que abarquem a diversidade, hora de falar um pouco sobre tecnologia, e de como chegamos na era em que humanos e máquinas co-criam juntos. Duvida? Tá aí alguns exemplos:

Primeiro filme criado por uma Inteligência Artificial:

Outro tópico de discussão foi a ética, pois acredita-se que todo futuro é um ato político, nunca é inocente e sempre tem uma consequência.

Isso significa entender que construções vêm de espaços de privilégios e que a ética não é estática, ela evolui. Basta lembrar como eram as propagandas antigamente, socialmente aceitas:

 

Por isso, em todo projeto de futuro a ética precisa ser sempre revisitada.

Objeto do futuro

Depois, foi hora de colocar a mão na massa no nosso primeiro desafio prático do dia: o objeto do futuro. Vimos que o objeto do futuro e a prototipagem é uma maneira de trazer uma intenção para o presente, materializar e testar suas implicações. Por isso, recebemos um tema, um desafio e em grupos criamos objetos que traduzem necessidades humanas.

Dia 2

No segundo dia, falamos um pouco da importância da diversidade para criarmos futuros verdadeiramente inclusivos. E isso inclui diversidade de todos os tipos: social, de gênero, etnica etc. Falamos  sobre viés e preconceito, da importância de reconhecê-los em nós mesmo antes de sair a campo para a pesquisa de futuro.

Saímos a campo para fazer esta pesquisa. Recebemos o desafio: O que você deseja para a vida urbana em São Paulo em 2035?

Dado isso, fomos  pesquisar as tendências emergentes, que segundo a metodologia, devem ser buscadas nas margens. Fomos em dois lugares diferentes, o primeiro deles uma ocupação de artistas no centro da cidade, o Centro Cultural Ouvidor 63, para pesquisar os modos de vida e comportamento dos artistas e moradores.

O local é organizado por diversos coletivos, que produzem uma programação artística rica e diversa.

Outra das atividades, realizada nas ruas do centro, foi convidar os transeuntes a desenhar seu futuro desejável em uma capa de jornal do futuro. Apressados que são, poucos paravam de imediato, mas sempre havia algum curioso a fim de ajudar.

Visita número 2: fomos ao evento Campus Party para mais entrevistas e para entender as tecnologias que estão emergindo. Óculos de VR, assistente virtual, bots, arduínos, impressora 3D são as tecnologias que mais estão sendo aplicadas em marcas e produtos.

Por fim, foi hora de voltar, concretizar o aprendizado e definir uma intenção. Quem já fez o curso de design thinking sabe que é uma das partes mais difíceis, convergir os conhecimentos e opiniões. Mas depois de muita conversa, cada grupo chegou a sua intenção final.

Dia 3

No terceiro dia vimos mais teoria sobre tecnologias. Depois foi hora de idear e achar uma solução para nosso desafio baseado nas experiências e pesquisas do dia anterior.

Nossa ideia seria colocada em pratica por meio do design ficcion, uma metodologia que nos permite tangibilizar os projetos por meio de uma narrativa.

Após gravarmos e coletarmos feedbacks, foi hora de continuar a jornada do planejamento dos futuros: aprender sobre o back casting. A partir da imagem onde queremos chega, a  ferramenta nos ensina a voltar os passos anteriores.

 

Esses foram apenas pequenos recortes deste 3 dias, que foram bem intensos, dinâmicos e com muito conteúdo. Para saber mais sobre o que esperar do curso e quando será a próxima turma, clique aqui.

Ricardo Ruffo

Ricardo Ruffo is a born entrepreneur, educator, speaker and explorer. As a writer by passion Ricardo daydreams on how the world is changing fast and how it could be.

Ruffo is the founder and global CEO of Echos, an independent innovation lab driven by design and its business units: School of Design Thinking, helping to shape the next generation of innovators in 3 countries, Echos – Innovation Projects and Echos – Ventures. As an entrepreneur, he has impacted more than 35.000 students worldwide and led innovation projects for Google, Abbott, Faber-Castell and many more.

Specialist in innovation and design thinking, with extensions in renowned schools like MIT and Berkeley in the United States. Also expert in Social Innovation at the School of Visual Arts and Design Thinking at HPI – dSchool, in Germany.

Naturally curious, love gets ideas flying off the paper. He always tries to see things from different angles to enact better futures. In his free time, spend exploring uninhabited places around the world surfing.